Quatro pessoas iriam participar de uma terapia de grupo com a Dra. Spellman, porém, uma chuva torrencial alaga toda a cidade e provoca um blackout. Agora, os pacientes Mary Help, Stuart, Edward e Janet se veem presos no consultório no 29º andar do prédio na Zona Sul do Rio e são obrigados a partilhar suas compulsões, sem a presença da médica – por sugestão de Mary, que é paciente de Spellman há 20 anos e diz que “uma pessoa que faz análise há tanto tempo pode analisar qualquer um”.
Esta é a sinopse da peça cômica “Compulsão”, que estreou na última quinta, dia 13, no Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca. A montagem, dirigida por Ernesto Piccolo, possui em no elenco atores como Regiana Antonini, Rafael Zulu, Simone Soares e Cacau Hygino. A comédia trata de forma divertida os vícios humanos e despertou muito interesse por parte do público, que uma hora antes do início do espetáculo, já formava uma longa fila na bilheteria, enquanto, do foyer do teatro, já era possível ouvir os “gritos” de aquecimento vocal dos atores.

Regiana Antonini, que além de interpretar a maníaca por compras, remédios e comida Mary Help, também é a autora da obra explicou como surgiu a ideia de retratar de forma leve os sintomas compulsivos contemporâneos. “Antes, se buscava soluções para esses conflitos internos, hoje, a principal preocupação do sujeito é a satisfação imediata”, conta a artista, que completa dizendo que “a peça trata desses ‘novos sintomas’ de uma maneira super leve e divertida”.
A montagem trata de diversos tipos de compulsões, além das já apresentadas por Mary Help. Edward, interpretado por Rafael Zulu, é um malandro viciado em exercícios físicos, suplementos para musculação e artigos de marcas caras; Stuart é um antissocial alcoólatra viciado em criticar tudo à sua volta; e Janet é uma ninfomaníaca. E todos são fissurados em redes sociais – mesmo que não admitam está última compulsão.
A atriz Simone Soares, que dá vida à compulsiva sexual, é também uma das produtoras da peça e conta como surgiu o interesse em se envolver no projeto. “Há tempos eu procurava um texto que abordasse uma situação cotidiana atual, com personagens bem escritos e que fosse divertido para o público. É impressionante como a compulsão está presente na vida de tantas pessoas e como podemos fazer graça, claro, tudo com muito respeito”, declara a artista paulista.
Rafael Zulu destaca a importância do público no atual momento do teatro brasileiro. “A gente está vivendo um momento difícil, então, é muito importante esse deslocamento das pessoas das casas delas até aqui. O teatro é feito de forma diferente do cinema e da televisão; ele é feito no boca a boca. Por isso que a gente sempre pede que, às pessoas que gostaram, indiquem para os amigos, e as que não gostaram, fiquem caladas”.
Sem dúvidas, o grande trunfo de “Compulsão” é o final surpreendente, que subverte tudo que se desenrolava até então – o plot twist agradou ao público, que aplaudiu de pé. Logo após o fim da peça – antes de seguirem para o foyer para tirar fotos com os fãs e dar entrevistas, o elenco aproveitou para mandar alguns recados. “Muito obrigada aos amigos famosos que fizeram vídeos confessando suas compulsões para as nossas redes sociais”, diz Regiana. Em seguida, foi a vez de Simone falar: “Nós já estamos há um ano com esse espetáculo, e sem patrocínio nenhum. Então, se tiver alguém na plateia interessado em nós patrocinar…”.
A peça “Compulsão” fica em cartaz até o dia 18 de dezembro, na Sala Vermelha do Teatro dos Grandes Atores, no Barra Square Shopping Conter, na Barra da Tijuca. De quinta a sábado às nove da noite e aos domingos às oito horas da noite. Os ingressos custam oitenta reais (inteira). A montagem tem uma hora e meia de duração e a classificação etária é de 14 anos.
Daniel Deroza- 4º Período

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