No último fim de semana, na virada de sábado para domingo, a Fundição Progresso deu continuidade à sua tradição de apresentar dois shows em uma única noite. Desta vez, as atrações foram grupos já conhecidos do público e de sucesso nacional: Skank, em sua nova turnê – “Velocia” –, e Cidade Negra, que cantou as músicas mais famosas, fizeram o público sair do chão logo nas primeiras horas do Dia dos Namorados, comemorado no último domingo, dia 12.
Por volta das 21:30, cerca de duas horas e meia antes da hora prevista para o começo da primeira apresentação, uma extensa fila já se formava na porta da casa – todos à espera da liberação das catracas para conseguir um bom lugar perto do palco. Como já era de se esperar, a maior parte da audiência era composta por casais – e, a maioria, acima dos trinta anos de idade e até idosos, além, é claro, dos inúmeros jovens, os quais já são habitué na Fundição.
A primeira banda a subir ao palco foi o Skank, que assumiu seu posto à meia-noite. O grupo tocou um set list mesclado de canções inéditas e hit parades como “É Uma Partida de Futebol” e “Vou Deixar”. Ao longo do show, o vocalista aproveitou para deixar clara a sua posição em relação ao atual momento do Brasil. Após a canção “Te Ver” – que possui um trecho que diz “É como não morrer de raiva com a política” –, Samuel declarou “É incrível que uma música feita em 94 continua sendo atual graças a esta corja de políticos! ”.

Sobre o concerto, o líder da banda se mostrou contente com a recepção do público ao novo álbum. “Lembro da primeira vez que a gente tocou na Fundição. E nós nos apresentamos aqui quase todos os anos desde então; eu lembro da casa cheia, mas não como hoje”, comenta o artista, e completa revelando que “no nosso primeiro show na Fundição, muita gente que está aqui hoje ainda nem tinha nascido. É muito bom saber que o tempo passou e o Skank continua juntando um pessoal legal”.
Um dos momentos altos da noite foi quando o cantor Toni Garrido “invadiu” o palco – já perto do final da apresentação – e dançou abraçado a Samuel, para o delírio do público. Após o vocalista do Cidade Negra deixar o palco, Rosa fez comentários que levaram a plateia às gargalhadas. “Uma vez, no Nordeste, um cara invadiu o palco e me deu uma gravata. O Toni escapou de levar uma cotovelada, porque durante um show, depois deste incidente, ouvi a plateia começar a gritar durante uma música lenta e eu levei outra gravata; então, quando armei a cotovelada, vi que era a Ivete Sangalo”, conta o músico.
Ao fim de mais de duas horas de apresentação – contanto com o bis, exigido pela audiência –, chegara a vez do Cidade Negra assumir o palco, quando o relógio já se aproximava das três da manhã. A primeira música tocada pelo grupo oriundo da Baixada Fluminense foi o hino de muitas formaturas Brasil afora – “A Estrada”. E, em seguida, a banda cantou outro sucesso, “Girassol”. Ao longo de todo o show, o público pode assistir a um empolgadíssimo Toni Garrido, que usou e abusou de seu espaço de atuação, circulando e dançando pelo palco, saudando seus companheiros e incitando a audiência a cantar junto com ele.

Para as pessoas acostumadas com os hits calmos, melódicos e suaves do Cidade, o repertório do show foi, de fato, uma surpresa. O grupo preparou novos arranjos para suas canções, utilizando-se de influências do rock e do hip-hop para dar uma nova roupagem ao som majoritariamente composto por reggae da banda – e a escolha, sob certo ponto de vista, arriscada, pareceu agradar ao público, o qual pulava e cantava cada vez mais alto a cada música. O Cidade também apresentou suas releituras de músicas de outros artistas, como “Tempo Perdido”, do Legião Urbana e “Sábado À Noite”, de Lulu Santos.
Todo o concerto possuía ares de grande produção – quase a altura de megaeventos, como o “Rock In Rio” –, com direito a trocas de roupa por parte de Garrido e inúmeras sessões de improviso dos outros componentes do grupo, que pareciam se desafiar a fim de elevar cada vez mais o nível da apresentação. E se a performance do Skank teve o ápice em uma “invasão” ao palco, pode-se dizer que o show do Cidade Negra atingiu seu clímax em um momento semelhante. Durante o bis, quando Toni indagou qual música a plateia gostaria de escutar, um fã de carteirinha fez de tudo para que seu pedido – a canção “Mucama” – fosse ouvido.

Ao ver a ansiedade do rapaz, Toni não só cantou a pedida, como convidou Ricardo Júnior – que se apresentou com Negro Z – para se juntar a ele no palco. Além disso, Garrido também abriu espaço para que o jovem, de vinte e cinco anos, cantasse um trecho sozinho, sendo ovacionado pela plateia. Após o fim do show, vários grupos se dirigiram a Ricardo para cumprimentá-lo e parabeniza-lo pelo feito. “Eu vim lá de Saquarema só para ver este show. É gostar muito de uma banda. Eu estou muito feliz! ”, declara Negro Z, que já viajou mais de uma vez para longe de sua cidade para acompanhar o Cidade Negra.
Já amanhecia quando o público começou a se retirar da Fundição – incontáveis casais, que viram na noite de show em dose dupla de duas bandas consagradas a oportunidade perfeita para comemorar juntos uma data de grande importância para namorados, noivos, casadas, “amigados” e afins: o Dia dos Namorados. E nada melhor do que a música – sendo esta uma das formas mais sublimes de expressar sentimentos e emoções – para celebrar o amor.
Daniel Deroza– 3º Período
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