Sociedade

De Naus à Forca

Feriado prolongado homenageia o descobrimento do Brasil e o ativista Tiradentes

Em tempos de constante mudança política do Brasil, esse feriadão é tempo para pensarmos um pouco mais na história do Brasil. Hoje, dia 21 de abril, é feriado em todo território nacional, o motivo é a homenagem a Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes. Amanhã, dia 22, é dia do descobrimento da nossa terra brasileira. Diversas histórias sobre a vida de Joaquim são debatidas por estudiosos, alguns afirmam que ele perdeu sua vida lutando contra a coroa portuguesa para o bem de todos os brasileiros, já outros polemizam afirmando que essa versão é um mito.

A primeira versão da lenda é a que todos nós aprendemos na escola. Tiradentes viveu entre os anos de 1749 até 1792. Foi dentista (profissão que originou seu apelido), tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político. Devido a sua experiência com mineração ele tinha o dom de reconhecer terrenos e explorar os recursos. Por esse motivo, começou a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão sudestino.

Já em 1780 se alistou na tropa da Capitania de Minas Gerais e mais tarde foi nomeado o comandante do destacamento dos dragões na patrulha do Caminho Novo – uma estrada que era usada como rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira e tinha o destino o porto do Rio de Janeiro.

A atuação de Tiradentes nesse caminho foi o ponto de partida para começar a se envolver com grupos que criticavam o domínio português sobre as capitanias na qual ele vivia. A insatisfação dele não se deu apenas por esse motivo. O militar estava frustrado por não ter conseguido uma promoção em sua carreira e em 1787 quando pediu licença na cavalaria por ter perdido a função de marechal da patrulha do Caminho Novo.

Essa atitude proporcionou Tiradentes a morar em território carioca, onde idealizou projetos como, a canalização dos rios Andaraí e Maracanã, em prol de melhorar o abastecimento de água local. Sua frustração por não ter a aprovação para a execução das obras fez com que ele ficasse ainda mais indignado sobre o domínio português.

Por conta disso, retornou a Minas Gerais e começou a pregar ideais a favor da independência mineira, tornando-se aliado a integrantes do clero e da elite mineira. Os pensamentos iluministas e a independência das 13 colônias estadunidenses serviam como inspiração para o movimento.

Posteriormente, com todas as tentativas para a “libertação” de Minas Gerais, os responsáveis do grupo foram presos. Segundo os livros tradicionais de história, Tiradentes foi para a forca, depois decapitado e teve seu corpo dividido em pedaços. Onde seus restos mortais foram distribuídos pela cidade. A cabeça ficou em uma praça em Vila Rica, MG e os demais foram espalhados pelo Caminho Novo. Sua história de constante luta contra o domínio português se tornou exemplo para a população brasileira. Símbolo de luta, nessa versão ele deu a vida pela pátria. Um verdadeiro herói que além do feriado nacional, é homenageado tendo seu rosto estampado nas moedas brasileiras de 5 centavos.

Já na segunda versão, estudos colocam em xeque a primeira teoria. Na verdade, a história de Tiradentes seria a de que ele não era tão bonzinho quanto alguns livros afirmam. Logo após a proclamação da República, ele foi considerado um vilão até o dia 15 de novembro de 1889. Ele seria uma espécie de bode expiatório de uma revolução elitista que estava na realidade mais preocupada com o quinto de ouro que Minas Gerais enviava para Portugal – a coroa aplicou o mecanismo de derrama, agora era necessário pagar de imposto 20% de toda produção – e não realmente em libertar toda a população.

Outro ponto que assustam muitas pessoas são as réplicas, quadros e desenhos, no qual representam esteticamente em Joaquim da Silva, uma semelhança muito forte com Jesus Cristo. Essas imagens de cabelos compridos e barba grande seriam ilusórias. Como militar, ele deveria moderar a quantidade de pelos em seu rosto. Como preso, nesta época era comum os presos terem seus cabelos cortados em função de piolhos. E o último motivo seria na hora de sua execução, onde todos os condenados deveriam ter a cabeça e o rosto raspados para expor nitidamente seu rosto para a nação.

Verdade ou mito, o que esse ser humano representa hoje em dia para nós brasileiros tem muito valor. Principalmente com a crise política, a história de Tiradentes faz com que refletimos sobre nossos deveres de luta como cidadão. Liberdade, fraternidade e igualdade seria o lema da Inconfidência Mineira. Até hoje serve como inspiração para nossas ações na sociedade.

Como tudo começou: Brasil

Amanhã, dia 22 de abril comemoramos o aniversário de descobrimento do Brasil. Toda história tem o seu começo, bem antes de Tiradentes lutar pela liberdade do país, os Portugueses tomaram conta de todo território, onde o “descobrimento” de novas terras no continente americano e a exploração dela teve início.

No fim dos anos 1400, o Reino de Portugal começou a enviar suas forças armadas para o que ainda lhes era desconhecido, a fim de conquistar novos territórios. A versão oficial da História, o “descobrimento do Brasil” ocorreu através de um engano, já que a intenção dos expedicionários portugueses era chegar às Índias para negociar especiarias, porém, devido a um erro na rota, as embarcações vieram parar na América — mais especificamente na região onde, hoje, conhecemos com o estado da Bahia.

No entanto, muitos afirmam que não foi exatamente assim que os fatos sucederam. O principal debate é a respeito do uso do termo “descobrimento” — existem vertentes que afirmam que Portugal já sabia da existência desta terra, há, também, correntes que dizem que a utilização deste termo se deve à visão eurocêntrica da época, que a palavra “descobrimento” só deveria ser utilizada do ponto de vista dos portugueses, foi uma chegada apenas para os lusitanos, pois o território já era habitado pelos índios nativos.

Porém, discussões à parte, o que importa é que em 22 de abril de 1500 os portugueses chegaram ao Brasil e em poucos dias estabeleceram o primeiro contato com os habitantes do que acreditavam ser uma grande ilha e, por isso, foi chamada pelos recém-chegados de Ilha de Vera Cruz. Os exploradores levaram os indígenas até suas embarcações, onde estes reconheceram objetos feitos de ouro e prata, o que levou os portugueses a acreditarem que havia metais preciosos como estes na região.

Assim, Pedro Álvares Cabral, logo após a realização de uma missa católica em solo tupiniquins, ditou ao escrivão Pero Vaz de Caminha a famosa “Carta a El-Rei D. Manuel”, contando ao regente as primeiras impressões sobre a terra, seus habitantes nativos — o estranhamento por parte dos portugueses pelo fato de os índios andarem nus, e o estranhamento por parte dos índios pelo fato de os portugueses andarem vestidos, por exemplo — e o que ele pensava que era possível fazer com aquele território.

Esta carta, descreve o Brasil como um lugar tão intrigante quanto seu povo, que andavam nus por inocência, usavam ossos como acessórios e não muito se agradavam dos hábitos e pertences europeus, à exceção dos adornos como as contas de rosário, das quais logo se apropriaram e outros objetos, tais como espelhos, chocalhos e itens do gênero, fazendo com que os lusitanos encontrassem um modo de estabelecer, no mínimo, uma relação de troca com os nativos.

E, assim, foram nascendo as bases do Brasil que se conhece hoje em dia, nesta relação entre os portugueses e os tupiniquins. No entanto, a tribo dos tupinambás, rival do outro grupo, eram contra a instalação dos lusitanos e, por isso, apoiaram as invasões de outros povos europeus à Ilha de Vera Cruz, como os franceses e holandeses, gerando, assim, uma série de guerras entre diferentes grupos europeus e indígenas.

Desta forma, a coroa portuguesa se viu obrigada a iniciar a colonização do território, iniciando um ciclo de exploração em solo brasileiro, o que, séculos depois, levou a uma onda de revoltas pelo país. E, sem dúvidas, um dos levantes mais conhecidos é a Inconfidência Mineira, cujas nuances percorreram e agitaram as ruas de Vila Rica — atual cidade de Ouro Preto —, graças aos ideais de um homem chamado Joaquim.

Infográfico


Ana Carolina Martins – 5º período

Daniel Deroza – 3º período

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