Arte

Muito além da escuridão

A exposição “Diálogo no Escuro” simula o dia a dia de deficientes visuais e é capaz de transformar a vida de seus visitantes.

Ter medo do escuro pode parecer coisa de criança, mas você já se imaginou vivendo 24 horas do seu dia na total escuridão? É essa a realidade de muitas pessoas ao redor do mundo. Dificuldades, preconceitos e sentimentos de pena são constantes na vida da maioria dos deficientes visuais, porém a realidade não é bem assim.

O Museu Histórico Nacional em parceria com a Calina Projetos oferece a mostra sensorial “Diálogos no Escuro”, que possibilita aos visitantes terem a experiência de viver por, aproximadamente, 1 hora a total escuridão e serem guiados por pessoas cegas ou com baixa visão. Antes de o visitante entrar na sala escura há uma conversa entre o grupo e o guia e logo em seguida, com apoio de uma bengala, todos são direcionados ao local sem nenhum tipo de claridade. O desconforto e a sensação de que não é mais possível enxergar é muito desafiador, porém sua percepção e outros sentidos ao longo do tempo vão ganhando força e vários ambientes são reconhecidos, mesmo sem a visão.

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Entrada da exposição

Muitas pessoas que vão até a mostra nunca tiveram contato com deficientes visuais, o exercício de empatia ajuda a melhorar o mundo em que vivemos, afirma Luiz Calina, gerente de projetos da exposição. Ao longo do passeio opiniões vão sendo transformadas. No final, todo grupo se reúne e então acontece o diálogo no escuro. Os visitantes tiram todas suas dúvidas e questionam curiosidades aos guias.

 É possível perceber muitas dificuldades que os deficientes visuais enfrentam diariamente, porém muitas vezes as pessoas que não possuem problemas de visão acabam atrapalhando, ao invés de ajudar. O pré-conceito que as pessoas, inclusive alguns familiares, possuem tendo a ilusão de que eles não são capazes de viverem sozinhos é relatado pelos guias Rogério Melo, que possui visão parcial, e Leonardo de Oliveira, que nasceu com a perda total da visão.

Para o gerente Luiz Calina a parte do diálogo é a mais importante da mostra. Cada pessoa tem uma reação diferente e isso algumas vezes o marcou. Luiz relata que durante o “Diálogo no Escuro” em São Paulo, uma mulher saiu da exposição impressionada e desabafou que o filho de 8 anos havia perdido a visão. Para essa mãe, a mostra possibilitou a aceitação com a realidade do filho, o que a sensibilizou muito e também a todos presentes.

Com tantos relatos, quando os visitantes saem da experiência é nítida a expressão de surpresa no rosto deles. A mudança da perspectiva em relação à opinião antes formada em relação aos deficientes visuais é incrível. José do Nascimento Junior (49) possui amigos deficientes visuais e busca sempre poder entender como é a vida dos amigos e suas dificuldades. “É uma forma de perceber a necessidade de ver o mundo com outros olhos, se colocar em outra posição e entender que o mundo tem uma complexidade e diversidade enorme”.

Sobre “Diálogos no Escuro”:

  • A mostra passou já por 39 países, 140 cidades;
  • Surgiu na Alemanha, em 1986, e foi trazida para o Brasil pela Calina Projetos, em parceria com a Dialogue Social Enterprise;
  • Conta com a participação de pessoas cegas e com baixa visão;
  • Com apoio do Instituto Benjamin Constant 11 guias sensoriais foram contratados para a exposição;
  • Desde a sua 1º exibição a mostra já empregou 7 mil deficientes de todo mundo.
  • São 25 anos de exposição;
  • 8 milhões de pessoas já visitaram o projeto.

O Museu Histórico Nacional fica localizado na Praça Marechal Âncora, sem número – Centro, Rio de Janeiro, RJ (entre a praça XV e o Aeroporto Santos Dumont)

O horário de funcionamento é de Terça à Sexta das 10:00 as 17:30 horas e Sábados e Domingos das 14:00 às 18:00 horas.

Os ingressos variam de R$ 6,00 à R$ 20,00. Estudantes e idosos pagam meia entrada.

Para mais informações acesse o site http://www.dialogonoescurorio.com.br/

 


Ana Carolina Martins – 5º período

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