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Mulher: Mãe da Modernidade 

Cidade- Tarsila do Amaral, 1929 [Foto: Jones Bergamin]
Cidade- Tarsila do Amaral, 1929 [Foto: Jones Bergamin]

O Museu de Arte Moderna do Rio apresenta a exposição “Tarsila e Mulheres Modernas no Rio” até o dia 20 de Setembro, no segundo andar do espaço. Trata-se de uma homenagem às mulheres, do século 19 ao 20, que foram fundamentais para a construção da sociedade moderna, através da ruptura com os paradigmas vigentes.  O espaço conta com 200 peças entre pinturas, fotografias, desenhos, gravuras, esculturas, instalações, documentos, material audiovisual e objetos pessoais.

Tarsila do Amaral é destacada, dentre tantas outras mulheres importantes, por contribuir para a história do Rio de Janeiro de diversas formas: Foi a única brasileira vinculada ao surrealismo; a primeira mulher a ser torturada e presa por motivos políticos, durante a ditadura; e teve a coragem de denunciar os policiais que assassinaram seu irmão. “Aprecio o traço da Tarsila. O movimento modernista foi importante para a mudança dos padrões antigos e a conquista dos direitos das mulheres.” disse Lúcia Gomes, professora de Arte.

A exposição é dividida em várias divisões, a principal possui diversos quadros de Tarsila do Amaral. Ela representa o Rio de Janeiro a partir da combinação de morros e mar. Em “O Mamoeiro” a pintora abusa de cores fortes para o cenário – pintar brasileiro – e usa o tom de pele mulato para retratar a realidade carioca. Ao mesmo tempo, se refere à França, local bastante frequentado por ela, quando escolhe pintar roupas penduradas no varal com as cores do país. “Tive um professor na faculdade que analisou algumas obras de Tarsila, como o ‘Abaporu’ e por isso fiquei interessada em conhecer esse espaço.” completou Júlia Mariano, estudante de relações internacionais.

Há algumas partes da exposição reservadas para contar um pouco da história do Rio de Janeiro. No Rio colonial as mulheres passavam o tempo dentro do lar, mas através de uma treliça de madeira nas janelas – muxaribi – podiam se comunicar com o mundo exterior. Essa fase é retratada no quadro “Café Dourado”, de Jean Baptiste.

Entretanto, com a chegada da modernidade as mulheres buscam mais liberdade, através de manifestações de arte como a pintura de Tarsila ou o concretismo. Essa fase é analisada pela exposição em “Modernas antes do modernismo”, com obras precursoras do modernismo, entre as autoras estão Lygia Clark, Lygia Page e Mira Schendel.  “Fiquei surpreso quando vi a escultura em alumínio do “Bicho”, de Lygia Clark. Fiz essa escultura na escola em dobradura de papel.” Relata Lucas Macedo, estudante do 7° ano.

Na subdivisão “Desconstrução do mundo puritano”, é abordada a posição avançada de algumas mulheres para a época, por questionarem a ordem patriarcal da sociedade. Carmem Miranda é mostrada pela personalidade forte e por ser um símbolo da brasileira para os EUA. “Conheci Dolores Duran e acompanhei a vida de Vera Valdez. Vera era manequim, trabalhou com a Chanel e era casada com filho do Vinícius de Moraes. Ela foi uma das primeiras mulheres a posar nua.” Luíz Gutemberg, jornalista.

Clarice Lispector é homenageada com alguns de seus pertences expostos e frases da autora foram selecionadas para acompanhar quadros e objeto. O quadro “Por um fio” é representado pela frase “Tenho um corpo e tudo o que faço é continuação do meu começo”. Trata-se de uma fotografia em que avó, mãe e filha estão ligadas por fios, a simbologia busca retratar o aprendizado e os valores transmitidos de uma geração para outra, além de representar a proximidade genética entre elas.

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Já em “Política e ação”, as mulheres do século XXI são vistas enfrentando situações de pobreza e violência. Na foto de Elizabeth Gomes, viúva de Amarildo – assassinado em 2013 – ela aparece no tribunal de justiça com expressão de revolta. “Achei a exposição interessante, porque conseguimos ver como era o dia a dia da mulher e percebemos a evolução. Agora temos outros desafios. O papel da mulher atual é muito rico de aspectos.” De acordo com Marina Sertã, estudante de relações internacionais.

Em frente a fotografias do cotidiano, há uma projeção em 3 espaços, cada qual com a sua função. Em um deles vemos a imagem da bandeira do Brasil. Em outro mostra uma drag queen lendo em voz alta trechos da constituição brasileira, como “Todos são iguais perante a lei”; “homens e mulheres são iguais”; “ninguém será submetido a tortura”. Enquanto isso, no último espaço passa um vídeo que mostra a realidade do Brasil, de modo a contradizer o que é lido na constituição. “As mulheres de agora deveriam olhar para trás e ver o quanto as outras sofreram, tanto na ditadura militar quanto a imposta pela sociedade. Podemos sentir a força das mulheres nesta exposição”. Afirma André Telles, técnico de segurança do trabalho.

Por: Luiza Esteves

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