Quando a foto começou a fazer parte das páginas dos jornais, algo mudou no Jornalismo. Não era apenas uma questão estética, uma nova aparência para o impresso, mas, sim, uma nova maneira de contar os fatos. A linguagem fotográfica contribui muito para a transmissão da informação. Mais do que ilustrar os textos, como os desenhos faziam antes da tipografia permitir que fotos fossem impressas, ela o completa, faz parte dele e, em muitos momentos, diz mais do que o que está escrito. Tanto que fez surgir um novo gênero: o Fotojornalismo.
Segundo o professor de fotografia Paulo Motta, Fotojornalismo é a descrição dos eventos e das condições socioculturais das civilizações ligadas ao evento. O Jornalismo puro e simples não tem essa característica. Ele se limita a informar o que aconteceu. Permear o texto das descrições do que está ao redor do fato, como faz a fotografia, é da ordem da literatura.
A foto de sem terras que invadiram uma propriedade e estão em confronto com a polícia exemplifica essa propriedade do Fotojornalismo. Com a imagem, como conta o professor, se consegue enxergar aquelas pessoas como elas são. De um lado maltrapilhas, com a pele estragada pelo sol, pés descalços e armas improvisadas. Do outro, a polícia, simbolizando um poder estabelecido, uniformizada e bem equipada. A foto traz contrastes e informações.
Para Motta, o texto jornalístico, além de não ter espaço, não tem interesse em mostrar essas informações adicionais. “Ao dizer com todas as letras certas coisas, o Jornalismo compromete a transmissão da informação. O leitor pode discordar do texto, já o discurso da foto é feito pela pessoa que a vê. Ninguém discorda de si mesmo”, afirma.
Diferenciando-se das outras formas de linguagem visual, a fotografia registra o tempo parado, é algo, nas palavras do professor, surrealista. E esta é a magia que atrai a atenção das pessoas. Ao contrário do desenho, que também é estático, a foto não é a visão de alguém sobre uma realidade, é a imagem que faz alguém ter uma visão sobre o evento registrado.
A fotografia também traz para o leitor um certificado de presença. Todos acreditam na veracidade do que a foto mostra, pois só se é possível fotografar aquilo que existe de fato. Apesar de enquadramentos e cliques em momentos peculiares poderem dar conotações nem sempre tão verdadeiras à imagem, o que foi registrado é uma realidade e é isso que as pessoas procuram.
É inimaginável que um jornal hoje não utilize fotografias. No decorrer dos anos, as redações tiveram que se adaptar e reformular toda a estrutura do jornal para se adequar à necessidade do leitor de ter o discurso fotográfico em suas páginas. Agora, o atrativo da capa de um jornal é a foto mais impactante do momento.
Emanuelle Bezerra (emanuellebs@gmail.com) • 6º período • Jornalismo Digital
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