Cultura Literatura

“O Ano do Gafanhoto” é uma imersão tensa no jogo da espionagem

O Ano do Gafanhoto marca o retorno de Terry Hayes com uma trama de espionagem guiada por Kane em uma missão tensa no Oriente Médio. A narrativa cresce ao explorar as pressões do campo e o impacto das escolhas que moldam o agente.

“O Ano do Gafanhoto” é o segundo romance de Terry Hayes, autor de “Eu Sou o Peregrino” e roteirista de “Mad Max” 2 e 3. Depois de anos de espera e muita especulação, o livro finalmente saiu e entrega uma história de espionagem marcada por tensão constante e pela forma direta com que aborda a complexidade desse universo. Hayes retorna com um título que não tenta soar grandioso, mas que mostra domínio do gênero.

A narrativa é conduzida por Kane, codinome do agente que assume o papel de guia. Enviado ao Oriente Médio para localizar e eliminar Al Tundra, um líder de guerrilha influente e temido, a missão começa carregada de pressão e o livro abre com a sensação de que tudo pode desandar rápido. O autor apresenta Kane como alguém experiente, mas longe de ser perfeito, sempre lidando com decisões que nunca são simples.

Mesmo com suas 936 páginas, a leitura anda bem por causa dos capítulos curtos, o que ajuda o ritmo a se manter constante, mesmo quando a história exige atenção, Hayes não escreve com pressa, mas também não arrasta cenas à toa. O foco é manter o leitor dentro do movimento da trama, sem truques ou desvios desnecessários.

O livro alterna passado e presente de Kane com frequência. Logo no início, ele descreve uma missão antiga que não tem ligação direta com o objetivo principal. São necessários alguns capítulos para entender que aquilo funciona mais como base para compreender o personagem do que como parte da ação central. Essa oscilação pode estranhar no começo, mas ajuda a compor o agente e reforça a ideia de que o trabalho nesse meio nunca segue uma linha reta.

Terry Hayes, escritor de O Ano do Gafanhoto. (Foto: Reprodução/X)

Hayes usa sua experiência de roteirista para criar cenas de ação claras e diálogos que seguram a tensão. O clima é de incerteza do início ao fim, fazendo com quem gosta de thrillers de espionagem, ser uma ótima escolha de leitura. “O Ano do Gafanhoto” confirma que Hayes sabe conduzir histórias longas sem perder o fio, mesmo sendo um livro extenso, cheio de curvas, segue fiel ao que o gênero pede.

Foto de capa: Amazon

Resenha de Wilson Estevam, com edição de texto de Gabriel Goulart

LEIA TAMBÉM : “Cartas para Camondo” entrega poesia e beleza, mas se perde pelo caminho

LEIA TAMBÉM : “Com Amor, Mamãe” surpreende com um thriller sobre segredos de família e vingança

1 comentário em ““O Ano do Gafanhoto” é uma imersão tensa no jogo da espionagem

  1. Pingback: “Vem Comigo” têm personagens fortes, mas narrativa cansativa | Agência UVA

Deixe um comentário