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“Quando menos se espera” decepciona com romance morno

O novo lançamento da editora Intrínseca desaponta com romance pouco cativante

Lançado em outubro, o livro “Quando menos se espera”, de Cara Bastone, apresenta-se como um potencial clássico do romance contemporâneo, seguindo a conhecida trope literária friends to lovers (de amigos a amantes). No entanto, a obra não alcança o resultado esperado, oferecendo uma narrativa monótona, sem profundidade e que pouco evolui ao longo das páginas.

A trama acompanha Eve Hatch, que descobre uma gravidez não planejada e, a partir desse evento, é levada a repensar completamente sua vida. Em meio a esse processo, sua melhor amiga, Willa, começa a agir de forma distante, justamente no momento em que ambas mais necessitam uma da outra.

Mais surpreendente do que isso é a postura de Shep, irmão mais velho de Willa, que passa a se mostrar cada vez mais atencioso e presente. Ele e Eve também compartilham uma antiga amizade, mas, desta vez, a aproximação entre os dois ganha novos significados. Paralelamente, Eve precisa lidar com o pai do bebê, resultado de uma única noite, enquanto tenta reorganizar sua vida e compreender seus sentimentos.

Um dos pontos positivos do livro certamente é a protagonista. Eve é uma personagem bem construída, com um arco consistente e uma evolução satisfatória ao longo da narrativa.

Por outro lado, um dos maiores problemas da história está em seus pares. Ethan, o pai do bebê, até possui um arco interessante, mas mal desenvolvido, o que faz com que o personagem se torne cansativo em grande parte de suas aparições. Já Shep, o outro par romântico, é retratado como o típico mocinho vítima das circunstâncias. A autora o coloca repetidamente nessa posição, utilizando-o como um recurso narrativo pouco criativo e desgastante.

O livro apresenta um início promissor, que sugere uma trama envolvente, mas essa expectativa se desfaz antes da metade da leitura. Os capítulos finais se estendem desnecessariamente, funcionando apenas como preenchimento, uma vez que o conflito central é resolvido bem antes do desfecho. No fim, a trama não proporciona uma experiência literária satisfatória.

Foto de capa: Reprodução/Intrínseca

Resenha de Pedro Turteltaub, com edição de texto de João Gabriel Lopes

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2 comentários em ““Quando menos se espera” decepciona com romance morno

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