Saúde

Outubro Rosa reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce

Campanha contra o câncer de mama segue chamando a atenção para o autocuidado

O Outubro Rosa é uma campanha internacional contra o câncer de mama criada na década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Ela tem como objetivo tornar o mês especial por focar em campanhas, informações e conscientização da população. A doença tem mais de 73 mil novos casos por ano, e seu diagnóstico precoce é importante para o tratamento e cura.

O laço rosa se tornou símbolo mundial da campanha em 1991. Ao longo dos anos, a campanha foi difundida ao redor do mundo. No Brasil, ela começou em 2002. Anos depois, em 2010, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) passou a fazer parte da ação, promovendo eventos técnicos, debates e a produção de materiais educativos, que são distribuídos em formato multimídia para o público.

Médicos e especialistas realizam esclarecimentos sobre o perigo e a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama ao longo do ano, mas, sobretudo, no mês de outubro, quando os esforços se unem. A doutora Ângela Maria, de 73 anos, médica especialista em ginecologia, obstetrícia e mastologia, ressalta a importância do Outubro Rosa. 

“A importância é conscientizar as pessoas da importância de examinar as suas mamas, pelo menos anualmente, ou fazer o autoexame ou utilizar formas de diagnósticos automatizadas de imagens com profissionais especialistas, porque o câncer de mama é o que mais mata no mundo. É a primeira maior causa de morte de mulheres. E hoje, a gente tem um aumento significativo da incidência de câncer de mama em mulheres mais jovens”, afirma a doutora.

A mamografia é o exame de imagem principal capaz de detectar o câncer de mama.
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Em 2018, foi aprovada a Lei nº 13.733, que instituiu outubro como o mês da conscientização sobre o câncer de mama. O decreto consistia em desenvolver atividades desde estruturais, como a iluminação de prédios públicos com luzes cor de rosa, promoção de eventos e atividades educativas e elaboração e veiculação de campanhas informativas que abordem sobre a doença para que a população possa se atualizar.

As diversas atividades que surgem todos os anos mudaram a forma como a população enxerga o câncer de mama. A pedagoga Raquel de Almeida, de 48 anos, comenta sobre essa mudança de percepção.

“Então, no passado a gente não conseguia nem falar. Tinham medo. As pessoas pareciam até que estavam falando um outro tipo de doença, como se fosse uma lepra e tudo mais. E aí, via a intensidade dessa campanha, modificando o olhar e a forma da maneira de pensar”, comenta Raquel.

Um dos principais sintomas da doença é a alteração da mama, com a presença de nódulos, inflamações e até a saída de líquido sanguinolento pelo mamilo. Além dos sinais, alguns fatores de risco influenciam o desenvolvimento do câncer de mama como idade, quantidade de partos, aleitamento, genética familiar e histórico de doença na família. A doutora Ângela comenta como estes fatores são detectados na consulta médica.

“Quando faz uma anamnese, que é colher uma história de uma mulher que vem buscar uma consulta, a gente tem como perguntas básicas: a paridade, quantos filhos teve, quantos ela amamentou, por quanto tempo ela amamentou, se ela fez uso de preparados hormonais, como anticoncepcionais ou quaisquer outros, e se a história familiar contempla casos de câncer de mama. Até mesmo os parentes mais próximos, a gente vê uma associação muito grande da parte de hereditariedade”, explica Ângela.

Para que as mulheres se atentem aos fatores de risco, é importante que os projetos de conscientização atinjam um grande público. A estudante de Jornalismo, Victória Vieira, de 21 anos, opina sobre o impacto das campanhas no público feminino.

“Não acho que as campanhas alcancem mulheres de todas as idades. Eu acho que alcança pessoas mais velhas. Mas, pessoas da minha idade com 21 ou 22 anos acredito que não necessariamente alcance todas como deveria, porque eu acho que é um assunto de extrema importância e que não tem idade para se falar”, afirma a universitária.

O Ministério da Saúde e o INCA lançaram no dia 3 de outubro os dados mais recentes sobre o câncer de mama no Brasil. O estudo prevê que, no ano de 2025, sejam registrados cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama no país.

A publicação ainda ressalta que, no ano de 2024, foram realizadas 4,4 milhões de mamografias, sendo cerca de 2,6 milhões em mulheres na faixa etária considerada de risco (50 a 70 anos). O documento apresenta também o número de óbitos pela doença no ano de 2023: mais de 20 mil, com as regiões Sul, Sudeste e Nordeste com maior concentração.

Uma das principais vertentes do Outubro Rosa é a importância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura. Para esclarecer este fato, a doutora Ângela fala sobre a relação entre a detecção rápida com as altas probabilidades de recuperação.

“Quando você diagnostica um câncer de mama nos seus estágios iniciais, você contabiliza provavelmente 100% de cura, porque como a mama é muito vascularizada, a disseminação da doença é muito fácil para ela, mas não é uma coisa tão rápida. O câncer de mama é mais lento, mas ele pode soltar focos metastáticos sem a gente nem saber. Então, quanto mais cedo você detectar, a chance de cura chega a 100%”, afirma a médica.

A prevenção também é um tópico importante no Outubro Rosa. As ações tem como objetivo diminuir a exposição aos fatores de risco. Entre elas, se destacam: a prática de atividades físicas para evitar sobrepeso, a alimentação saudável e evitar o consumo de bebidas alcóolicas.

Os alimentos e o exercício físico tem ligação com direta com a prevenção do câncer de mama, como é possível verificar no estudo Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: uma perspectiva global – um resumo do terceiro relatório de especialistas com uma perspectiva brasileira.

Além da prevenção externa ao corpo, o autocuidado também é fundamental. Raquel fala sobre a relevância do bem-estar pessoal. Ela fala sobre a relevância do bem-estar pessoal destacando que cuidar da mente e das emoções é tão importante quanto manter hábitos saudáveis para o corpo.

“O autocuidado para mim representa a vida, porque se eu tenho esse autocuidado, eu tenho mais longevidade de vida”, conta a pedagoga.

Perguntada sobre a mesma questão, Victória abordou o autocuidado como algo a ser naturalizado no dia a dia da mulher. Ela ressalta que atenção às próprias necessidades, pequenas pausas e momentos de descanso não devem ser vistos como luxo, mas como parte essencial da rotina.

“O autocuidado é de extrema importância, porque independentemente de qualquer idade é importante a mulher estar atenta e reconhecer o próprio corpo. Você ter essa rotina consigo mesmo é uma forma de zelar pela sua própria saúde e bem-estar. Eu acho extremamente importante ter essa rotina no dia a dia para mulheres de todas as idades”, afirma Victória.

O autoexame pode detectar alterações na mama de forma precoce.
(Foto: Divulgação/Sociedade Brasileira de Mastologia)

O câncer de mama continua como a principal causa de preocupação em saúde da mulher. Por isso, a doutora Ângela reforça o compromisso com todas a campanha do Outubro Rosa e a importância de que essa luta seja de todos, não só das mulheres.

“Uma grande parte das mulheres se mobilizam em outubro para atender ao chamado da sociedade para se cuidar e olhar para sua mama, pelo menos naquele mês. Acho importante que todo mundo deve se engajar. É importante todos estarem juntos, porque no final das contas, alguém pode ter uma mãe ou uma irmã com câncer de mama”, finaliza a mastologista.

O Outubro Rosa é um movimento de sucesso mundial desde sua criação e muda a vida de mulheres todos os anos com suas diversas campanhas de conscientização. Ao longo dos próximos anos, a ideia é reduzir o número de óbitos pela doença no país, mas o ponto mais importante é mobilizar mais mulheres para realizarem exames preventivos nas mamas pelo menos uma vez ao ano.

Foto de capa: Pedro França/Agência Senado

Reportagem de Brendon Faria, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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