Escrito por Grady Hendrix, “Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros” é um livro de terror publicado pela editora Intrínseca, em julho de 2025 no Brasil. O autor, conhecido por títulos como “O Exorcismo da Minha Melhor Amiga”, que foi adaptado para o cinema pela Prime Video, retorna com uma história que combina horror, suspense e crítica social
Ambientada no sul dos Estados Unidos, a narrativa se passa entre as décadas de 1980 e 1990 e acompanha Patricia Campbell, uma dona de casa comum, casada com o psiquiatra Carter e mãe de dois filhos: Korey e Blue. A família se muda para uma vizinhança pacata de classe média alta em busca de um lugar seguro para criar os filhos e cuidar da sogra, Mary, que, já em idade avançada, necessita de atenção especial.
Em meio a uma vida aparentemente tranquila, Patricia busca aventura em livros de mistério e true crime, lendo mensalmente com seu clube do livro, formado exclusivamente por donas de casa como ela. Tudo muda, no entanto, com a chegada do misterioso e charmoso James Harris à cidade.
Hendrix acerta ao explorar a ideia do “vampiro que mora ao lado”. Sua abordagem do sobrenatural foge da representação clássica, adotando um tom levemente erótico que confunde o leitor, assim como Patricia, quanto às reais intenções do novo vizinho. Ao longo das páginas, é possível sentir o temor e a desconfiança das personagens, além da quebra de confiança entre as mulheres do clube do livro, contrastando com o fortalecimento das relações entre os homens, que se protegem entre si e acabam abrindo espaço para o vampiro se infiltrar ainda mais na comunidade.
O livro propõe uma leitura diferente das tradicionais com desfechos surpreendentes, embora escatológicos e repletos de descrições grotescas. Com um humor ácido, Hendrix reflete sobre pertencimento, força feminina, questões raciais, invisibilidade e submissão da mulher.

(Foto: Reprodução/Amazon)
Apesar de iniciar com bastante entusiasmo, a narrativa se torna lenta e até cansativa em alguns trechos. As personagens do clube do livro se confundem entre si e só no final o leitor consegue identificar melhor quem é quem. A obra se destaca ao explorar como as donas de casa se propõem a investigar e coletar informações para proteger suas famílias, desenvolvendo bem a investigação feita por mulheres comuns.
Ainda assim, a trama geral poderia ser mais ágil. Hendrix trabalha com habilidade as relações de gênero e os contrastes entre os privilégios de famílias negras e brancas. Mesmo sendo um texto consideravelmente violento e nojento em certas passagens, o autor constrói uma nova e envolvente narrativa vampiresca, sedutora, incômoda e cativante.
Foto de capa: Divulgação/Intrínseca
Resenha por Camila Teixeira, com edição de texto de Gustavo Pinheiro
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