Uma nova healing fiction já está disponível para os leitores que amam a pacificidade da escrita sul-coreana. “A loja de cartas de Seul”, de Baek Seung-yeon, é o novo lançamento da editora Intrínseca e fala sobre dar segundas chances, aprender a lidar com mudanças e ouvir diferentes histórias.
O livro acompanha o drama de Hyoyeong, uma estudante de cinema que cresceu na sombra da brilhante irmã mais velha. Um dia ela descobre que a irmã caiu em um golpe que devastou as economias da família e logo em seguida fugiu. Para piorar, sua mãe acaba de passar por um acidente e a jovem precisa abandonar os estudos para cuidar dos pais.
Apesar de ter desaparecido, a irmã passa a enviar cartas em busca do perdão de Hyoyeong, que decide se mudar para a cidade de Seul, capital da Coreia do Sul, e ignorar as tentativas de reconciliação familiar. Ironicamente, na nova cidade, ela começa a trabalhar na Geulwoll, a loja de cartas de um amigo onde é oferecido o serviço de penpal, em que clientes podem trocar cartas de forma anônima.
A obra é narrada em um tom romântico ao tentar recuperar o hábito de escrever cartas. Por ter trabalhado pessoalmente na loja do livro, a autora consegue transmitir sua adoração pela arte perdida e boas reflexões sobre relacionamentos e perdão. A história inspiradora de cada personagem junto à jornada da protagonista caracterizam o livro como uma ficção de cura.
É na loja de cartas que a obra se torna encantadora. No meio de seus próprios pensamentos confusos, a personagem se vê em um ambiente cheio de histórias românticas e inspiradoras, onde cada cliente da loja apresenta características únicas das quais diferenciam como eles veem o mundo.
Assim, cada personagem traz reflexões sobre sua própria jornada e desafios. As cartas de cada cliente são muito especiais e, com certeza, o leitor vai se encontrar em alguma dessas linhas. Afinal, a Geulwoll é um lugar onde as pessoas percebem que não são tão diferentes umas das outras.
Ao longo do livro, o drama inicial é desenvolvido lentamente e a evolução da protagonista, em diferentes aspectos, é percebida em pequenos momentos. Também é interessante o desenvolvimento de outros personagens, como o autor de webtoons, Yeonggwang, que por sua vez, após um sucesso anterior, lida agora com um bloqueio criativo e a pressão de continuar produzindo.
A obra não foge muito de um ritmo monótono, o que não é necessariamente ruim. O tom calmo do livro é um aspecto vendido desde sua apresentação e condiz com uma característica comum da literatura coreana. A beleza de muitas histórias está nos detalhes, quando não há necessidade de se apressar para alcançar grandes ambições.
O leitor que curtiu esta obra, provavelmente vai gostar também de “Uma noite na livraria Morisaki”, de Satoshi Yagisawa. Ambas as produções podem ser um poço de inspiração para quem se sente meio perdido e apresentam aspectos similares que misturam o cotidiano com uma mudança na forma de ver o mundo.
Foto de capa: Divulgação/Intrínseca
Resenha por Maria Vianna, com edição de texto de Gustavo Pinheiro
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