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Bienal do Livro: Bruna Vieira fala da importância de equilibrar a escrita para os tempos atuais

Autora e blogueira participou da edição desse ano para divulgar seu mais novo livro, “De Volta Para Mim”

Ícone de uma geração que cresceu assistindo aos seus vídeos no YouTube, Bruna Vieira é um dos grandes nomes da literatura brasileira atualmente. Pioneira no universo dos blogs no Brasil, a autora já publicou nove livros, entre eles “De Volta aos 15” e “Um Ano Inesquecível”, ambos adaptados para o audiovisual.

Presente em mais uma edição da Bienal do Livro, Bruna veio desta vez para divulgar seu novo romance: “De Volta Para Mim”. Último capítulo da saga “De Volta aos 15”, a autora compartilhou, em uma entrevista à Agência UVA, suas reflexões sobre a responsabilidade de lidar com um público que a acompanha há tanto tempo.

Agência UVA: Seu público cresceu junto com você. Como é lidar com a responsabilidade emocional de falar com pessoas que te leem há mais de uma década?

Bruna Vieira: Nessa Bienal, em especial, aconteceu algo pela primeira vez, que é as minhas leitoras, que começaram a me ler como adolescentes, estão vindo com os bebezinhos no colo. Isso é muito legal, e muito legal principalmente porque eu imagino como a leitura pode passar de geração para geração. Então, tem leitora já lendo os meus livros para os seus filhos. Isso é muito especial. É uma responsabilidade também atualizar as histórias para que elas continuem fazendo sentido nas novas gerações. Vai ser, certamente, gostoso.

AUVA: Seu estilo de escrita mistura crônica, blog e ficção. Em tempos de TikTok e textos curtos, qual o papel da escrita longa e sensível na vida jovem hoje?

BV: Olha, eu falei sobre isso ontem na mesa que eu participei aqui na Bienal do Rio, sobre como o foco tem sido um desafio, manter as pessoas focadas tanto tempo, livro e não numa tela. Por um lado, eu penso que o TikTok tem trazido muitas pessoas para o universo dos livros, e eu sou muito grata por isso, mas acho que é muito importante a gente conseguir equilibrar as duas coisas. Eu, quando eu vou gravar qualquer vídeo, eu escrevo primeiro. Então, de certa forma, a escrita está sempre presente até nos meus vídeos mais curtos. Mas, principalmente quando a gente fala sobre imaginação, sobre ficção, é tão importante que esse hábito continue na vida da pessoa, ou surja na vida da pessoa, sabe, desde cedo, para que ela se torne um adolescente leitor e um adulto leitor também.

AUVA: Você foi de blog para YouTube, de livro para série. Tem alguma mídia que você ainda sonha em explorar?

BV: Olha, eu gosto muito do formato, que eu acho que você não falou que é podcast. Eu gosto muito de ter conversas profundas com as pessoas, e aí o meu desafio nos vídeos curtos é conseguir passar tudo que eu quero em poucos segundos, impossível. Então, eu tento adaptar um pouco as minhas mídias para ir contando histórias, talvez começo de uma história nesse formato, e aí eu me aprofundo dela em outro. Mas eu tenho gostado bastante de podcast. Eu sinto que, com o passar do tempo, as minhas seguidoras estão trabalhando, tendo filhos, casando, e eu acho que o podcast é um jeito de fazer parte da vida dessas seguidoras, porque elas conseguem fazer várias coisas enquanto elas estão ouvindo. Então, tenho vontade de montar um projetinho de podcast pra falar sobre assuntos que eu gosto.

Bruna compartilhou que a personagem que ela mais se divertiu escrevendo, foi Anita. (Foto: Divulgação/Bienal do Livro)

AUVA: Você escreveu “Depois dos Quinze” quando ainda era adolescente. Como enxerga esse livro hoje?

BV: Meu primeiro livro. Esse é um livro que traduz um pouco como eu vi o mundo na minha adolescência. Então, da época que eu morava no interior de Minas Gerais e que tudo que eu sabia do mundo era bem limitado, porque era uma cidade muito pequena. Toda vez que eu pego pra folhear esse livro ou reler esse livro, eu percebo como eu mudei e, ao mesmo tempo, como a minha essência está toda ali ainda. Então, eu gosto dessa linguagem que eu criei nesse livro, que começou através da internet, mas que também foi para os livros, que eu acho que aproxima muito um pré-adolescente ou adolescente que ainda está um pouco confuso em relação aos próprios sentimentos. Então, de alguma forma, as palavras ali conversam muito com essas pessoas e fazem a pessoa querer ir. Ah, eu gostei desse conto, acho que agora eu quero ler um romance. Ah, eu gostei desse romance, agora eu quero ler um outro livro, talvez um clássico. Então, eu sinto que, na literatura, é assim: você tem que fisgar o leitor e, de acordo que o leitor vai lendo mais e mais, ele consegue criar empatia com situações da própria vida e por outras pessoas que ele conhece, primeiro através da leitura.

Foto de capa: Divulgação/Bienal do Livro

Reportagem de Cássia Verly com edição de texto de Vinicius Corrêa

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