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Legado de Sebastião Salgado ecoa um mês após sua morte

O brasileiro é considerado um dos nomes mais importantes para a fotografia e o fotojornalismo

Sebastião Salgado, um dos principais fotógrafos do mundo, faleceu na sexta-feira (23 de maio), em Paris, aos 81 anos, em decorrência de um distúrbio sanguíneo causado por malária contraída na Indonésia, onde não manteve o tratamento adequado. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, instituição fundada pelo próprio fotojornalista.

Nascido em 1944, na cidade de Aimorés, Minas Gerais, Sebastião Salgado Júnior foi mestre na arte de captar o planeta em preto e branco. Suas lentes passaram por muitos momentos históricos, viajando mais de 120 países e se consolidando como um dos fotógrafos mais importantes do mundo.

Sebastião Salgado realizou diversos trabalhos e fez história no mundo da fotografia.
(Foto: Reprodução/X)

Para o fotógrafo e documentarista, Sandro Vox, a obra de Salgado foi um dos pilares que o motivaram a seguir nessa carreira.

“A obra do Sebastião foi uma ferramenta para que eu me encorajasse a tentar fazer o que ele fez, como uma referência”, disse Vox.

Formado em economia, Salgado conheceu a fotografia em 1973 e nunca mais deixou essa paixão. Em 1998, fundou o Instituto Terra, ao lado de sua esposa Leila, contribuindo na luta pelo reflorestamento da Mata Atlântica brasileira, local em que registrou sua fotografia de maior prestígio, a “Serra Pelada”.

Em 1986, “Serra Pelada” retrata um garimpo a céu aberto.
(Foto: Reprodução/G1)

No coração da Floresta Amazônica, a fotografia, conhecida como o maior garimpo a céu aberto do mundo, foi incluída pelo jornal norte-americano, The New York Times, na seleção de 25 imagens que definem a modernidade desde 1955. Na época, o brasileiro disse ter visto a história passar diante dele.

“Vi passar diante de mim, a história do humano, da humanidade, a Torre de Babel”, afirmou Salgado.

Com suas obras, Sebastião retratou a realidade humana e escancarou as portas da pluralidade mundial. Em “Genesis”, o fotógrafo relata mais de 32 viagens pelo mundo, feitas a pé, de avião, a bordo de navios e em condições de extremo calor e frio. Salgado criou uma coleção de imagens impactantes que mostram a natureza, os animais e os povos por quem passou. O livro passa por imagens de uma tribo isolada nas profundezas da Selva Amazônica a comunidades florestais nas Ilhas Mentawai.

Em 2008 foi produzida Flautistas, em Papua-Nova Guiné.
(Foto: Reprodução/Época)

“Exodus” registra a imigração em massa através de 35 países passando por 7 anos. No livro, são evidenciados os resultados de guerras, desastres naturais, degradação ambiental, crescimento desenfreado da população, resultando em um crescimento desenfreado de mais de 100.000.000 de imigrantes internacionais. O projeto passa por latino-americanos entrando nos Estados Unidos, africanos viajando pela Europa, Kosovars fugindo para Albânia, entre outros.

“Exodus”, em Mali, na África, de 1985.
(Foto: Reprodução/PublicDelivery)

Segundo o também fotógrafo Sandro Vox, o legado de Sebastião Salgado prevalece e deve auxiliar na evolução do planeta, ou seja, transformando as pessoas cada vez mais em busca de um mundo melhor.

“O legado dele fica para nós de usarmos a arte para um caminho de transformação para o mundo inteiro. Nós estamos aqui e devemos contribuir para o desenvolvimento do planeta”, acrescentou Vox.

Ao longo dos anos, Sebastião Salgado recebeu diversas honrarias. O fotojornalista foi premiado com a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, atuou como membro da Academia de Belas Artes francesa, foi Embaixador da Boa Vontade da Unicef e ainda membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos. Sua morte marca uma perda enorme no mundo do fotojornalismo e deixa um legado na história da fotografia.

Mais fotografias de Sebastião Salgado:

Foto de capa: Reprodução / Projeto Colabora

Reportagem por Gabriel Goulart, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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