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Dia do cinema brasileiro: repórteres da Agência UVA elegem seus filmes nacionais favoritos

Equipe de cultura da Agência relata sua história com seu filme nacional favorito

No dia 19 de junho, é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. Dessa forma, se honram os esforços de profissionais de toda a indústria – desde atores e diretores a operadores de câmera e figurinistas – na criação da sétima arte com alma brasileira. Como forma de celebrar, a equipe de cultura da Agência UVA selecionou seus filmes nacionais favoritos, como forma de incentivar o consumo de obras nacionais e permear nossa brasilidade para além da tela.

“Praia do Futuro” (2014) – João Agner, editor

“Um filme onde Wagner Moura interpreta um salva-vidas no armário e engata um romance com um alemão e se muda pra Berlim deixando o irmão mais novo para trás – metade dessa descrição foi o suficiente para me convencer a assistir, e a outra metade para que se tornasse um dos meus longas favoritos. Para além do relacionamento homoafetivo retratado com muitas camadas, o ponto de conquista é a relação conturbada entre os irmãos, interpretados pelos gigantes Moura e Jesuíta Barbosa. Mesmo em uma atmosfera de praia, o filme consegue ser frio e bruto, adentrando a raíz de todo sentimento envolvido, sempre numa busca incessante por luz. Um roteiro emocionante com atuações deslumbrantes, que navega na corda bamba entre o belo e o sujo.”

“Filme Demência” (1986) – Vinicius Corrêa, repórter e editor

“É a transposição do mito de Fausto para o Brasil dos anos 1980, sob os escombros do Regime Militar. Eu sou encantado pela linguagem cinematográfica e nos aspectos dramáticos do Carlos Reichenbach, especialmente nessa virada de filmes eróticos para um grande cineasta independente brasileiro. Recentemente, o ‘Carlão’ ganhou mais notoriedade do público mais jovem, do qual faço parte, com “Falsa Loura” de 2006, do qual eu amo também. Mas “Filme Demência” é meu predileto, por toda sua narrativa lúdica de sonhos (e pesadelos) que podem até remeter ao David Lynch, de certa forma”.

“Cidade de Deus” (2002) – João Gabriel, estagiário

“Escolhi o filme Cidade de Deus pela realidade sociocultural que ele apresenta sobre o Brasil, especialmente sobre o Rio de Janeiro. O enredo é brilhante. Não mudaria absolutamente nada. O arco do personagem Mané Galinha é sensacional, desde a humilhação sofrida no baile até a escolha do caminho do crime para se vingar de uma tragédia familiar. Por último, mas não menos importante, o enredo do personagem Buscapé, em sua busca para subir na vida mesmo vindo de tão baixo, ao mostrar sua arte da fotografia para o mundo, é comovente e merece nossa atenção”.

“O Auto da Compadecida” (2000) Gustavo Pinheiro, estagiário

“”O Auto da Compadecida” não é apenas mais um filme, é um retrato da alma brasileira representado em arte. Assistir essa obra é uma espécie de nostalgia e retorno à casa com o toque de um riso simples. A cada cena que assisto me sinto como se estivesse ao lado de João Grilo e Chicó. Sempre torcendo, chorando e rindo com essa dupla. Não é à toa que até os dias atuais me emociono ao ver Matheus Nachtergaele e Selton Mello performando em outras obras das mais variadas. Por fim, não há como deixar de dizer sobre a doçura e a força da Compadecida interpretada pela gigantesca Fernanda Montenegro. Esse filme é um verdadeiro espelho do Brasil profundo tanto em suas dores e alegrias quanto no aspecto da esperança que nunca morre”.

“Minha Mãe é uma Peça (Trilogia)” – Gabriel Goulart, repórter

“Os filmes de Paulo Gustavo têm um espaço no meu coração pelo sentimento que ele se insere na minha vida. Na época do lançamento do primeiro filme, eu ainda não tinha muito discernimento sobre quem eu era e o que eu sentia, afinal, eu só tinha 8 anos. Três anos depois, veio o segundo filme, eu, agora com 11 anos, já sabia que o sentimento que eu tinha era um pouco diferente dos demais meninos e ainda enxergava isso como um problema, mas em 2019 tudo mudou. O terceiro e último filme é lançado nos cinemas. Eu, com 14 anos, já sabia e já tinha contado para minha mãe sobre minha sexualidade. O filme se tornou um alicerce para mim, como uma forma dela entender que estava tudo bem eu ser quem eu sou. Ao final da sessão, após o casamento do Juliano, minha mãe virou e me disse: “Eu te amo, nunca esqueça disso”, ali foi o momento em que percebi que ela tinha entendido o filme. Minha Mãe é Uma Peça 3 foi o último filme que assisti nos cinemas antes da pandemia, o último filme feito pelo Paulo Gustavo e o filme que mudou minha relação com minha mãe”.

“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014) – Nathalia Messias, repórter

“Esse filme está na minha vida há tanto tempo que não consigo me lembrar da primeira vez que o assisti. Então, quando me perguntam sobre o meu filme brasileiro favorito, ele é a minha resposta sem pensar duas vezes. A forma como a autodescoberta e a construção da confiança dos personagens são apresentadas ao longo da obra sempre falou alto demais comigo. Não é todo diretor que consegue expressar os sentimentos de um adolescente, mas, além de fazer isso muito bem, sinto que Daniel Ribeiro nunca se esqueceu do que é ser um adolescente e todas as angústias que vem com isso. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” se tornou o meu filme favorito por causa do amor e da sensibilidade. Por, apesar dos pesares, lidar de maneira leve e sutil com situações que podem ser tão provocadoras para um jovem LGBTQIAPN+”.

“A Hora da Estrela” (1985) – Maria Vianna, repórter

“O filme é uma adaptação fiel e bem dirigida da incrível obra literária de mesmo nome, escrita por Clarice Lispector. A história é trágica, comovente e, no final, deixa um sentimento de pena e apego pela personagem principal, Macabéa, uma menina desajeitada, que se desculpa por tudo e que não consegue encontrar muito bem o seu lugar entre as pessoas. Mas ela também é curiosa e tem o brilho de uma protagonista triste e sonhadora, perfeita para estrelar uma história como esta”.

“Era Uma Vez no Rio de Janeiro” (2008) – Pedro Turteltaub, repórter

“A história de “Romeu e Julieta” sempre foi uma das minhas favoritas. Quando eu soube que tinha uma versão brasileira desta história, fiquei completamente ansioso para assistir. Que filme, além de adaptar a história de amor mais famosa do mundo para o nosso país, o longa ainda acerta em abordar a luta de classes e uma realidade tão abrangente nas comunidades do Rio. Pra mim esse filme é uma grande obra prima do cinema nacional”.

“Ainda Estou Aqui” (2024) – Helena Valverde, repórter

“Na minha opinião, “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles, é um dos melhores filmes nacionais não apenas pela sua qualidade técnica e reconhecimento internacional, mas principalmente pela força de sua narrativa. A obra retrata de forma profunda e sensível os impactos da ditadura militar brasileira, expondo como esse período destruiu famílias e deixou marcas irreversíveis. Ele nos toca, nos faz refletir sobre a importância de nunca esquecer o passado e mantém viva a memória das vítimas”.

“O Bicho de Sete Cabeças” – Bárbara Borges, repórter

“Eu escolhi o filme “O Bicho de Sete Cabeças” porque ele me chamou atenção pela forma como retrata o abandono, o preconceito, os abusos sofridos e o quanto são marginalizadas as pessoas que vivem em hospitais psiquiátricos. É um tema que considero muito importante de dar visibilidade, já que ainda é pouco debatido, e o filme consegue fazer isso de um jeito forte e verdadeiro. De bônus, ainda conta com grandes atuações, como a de Rodrigo Santoro, e uma trilha sonora surpreendente”.

“É Fada!” (2016)Cássia Verly, repórter

“Eu tenho uma ótima justificativa para escolher esse filme. Meu sonho de infância sempre foi ser atriz. Era um sonho distante, misturado com o medo da incerteza que essa profissão traz, algo que minha mãe sempre me disse. Aos 12 anos, em 2015, ela finalmente deixou que eu investisse nesse sonho. Entrei em uma agência de atores e fiz diversos cursos de teatro e cinema. Naquela época, eu era muito fã da Kéfera, ela marcou a minha transição da infância para a adolescência. Em janeiro de 2016, recebi uma ligação de um dos agentes da minha antiga agência, falando sobre a possibilidade de fazer figuração no filme. Aceitamos na hora! Eu estava realizando o meu sonho: participar de um filme, ainda junto da minha ídola da época. E ainda tem o plus de ter sido meu primeiro trabalho como atriz! Sempre me lembrarei do momento dessa ligação, assim como de todos os dias em que acordei às 5 da manhã para ir para o set de filmagens. Também me lembro de chorar ao ver o trailer e, depois, de chorar no cinema, ao me ver na tela grande. Esse filme sempre ficará marcado na minha vida”.

Foto de capa: Divulgação/Sony

Reportagem de João Agner, com edição de texto de Vinícius Corrêa

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