Na manhã da última quarta-feira (16) ocorreu uma roda de conversa sobre jornalismo investigativo no auditório do Campus Tijuca da Universidade Veiga de Almeida (UVA). O evento que foi organizado pelo Laboratório de Promoção, Eventos e Live Marketing (Labprom) da instituição trouxe como convidado o jornalista Leslie Leitão, que atua no Núcleo Investigativo da TV Globo.
A palestra realizada teve a função de homenagear o Dia do Jornalista que aconteceu na penúltima segunda-feira (7). Com o objetivo de compartilhar experiências e oferecer conselhos aos estudantes da instituição que estão iniciando a carreira na área, Leitão falou sobre as vivências que tem no mercado de trabalho.

(Fotos: Gustavo Pinheiro/Agência UVA)


Com 29 anos de experiência na profissão, ele iniciou a sua prática no jornalismo esportivo e depois migrou para a cobertura jornalística voltada ao meio policial e investigativo. Mas, para Leslie, este termo não define exatamente a atividade profissional pela qual exerce, pois qualquer cidadão é capaz de buscar vestígios, pistas, sinais e indícios. Segundo ele, a única diferença é que um jornalista tem a estrutura e o conhecimento aprofundado para realizar esta tarefa.
“Todo o mundo é um repórter investigativo”, afirmou Leslie Leitão.
Atualmente trabalhando para o Núcleo Investigativo da TV Globo, o profissional teve passagem na equipe de diferentes veículos voltados ao mundo esportivo como a Sportpress e o Lance!. Porém, ao se especializar em assuntos que ligavam o esporte e o crime além de não ter sido chamado para cobrir presencialmente os Jogos Olímpicos de Atenas 2004, ele foi para a editoria policial e desde então passou por veículos como Extra, O Dia, Veja e hoje em dia está atuando no Grupo Globo.
Para o jornalista, atualmente há muita troca de experiência entre as diferentes gerações que trabalham em conjunto nas equipes das redações. As pessoas com mais tempo de carreira ajudam os profissionais que estão iniciando na área, enquanto os mais novos auxiliam os antigos com as transformações que vivem acontecendo na sociedade e no mercado. Esse modelo serve para manter um bom ambiente visto que há intensidade e plantões na rotina de trabalho.

(Foto: Mariana Rodrigues/Nfoto UVA)
Em relação ao jornalismo investigativo, Leslie disse que a regra principal é haver uma confiança mútua entre o repórter e a fonte, seja ela qual for. O repórter ainda alertou que, em caso de perda de credibilidade em qualquer um dos lados, não há como voltar atrás. Sobre isso, Leitão recomendou que se tente ao máximo não errar, além de checar toda informação com mais de uma fonte e jamais inventar, pois a mentira neste ramo pode ter consequências fatais.
“Acho que escrevo 10% do que eu sei ou então 90% eu deixo de lembrar”, contou o jornalista.
Em razão disso, o profissional contou sobre o medo, os processos e as ameaças que sofre por conta de seu trabalho. Segundo ele, sua própria vida pessoal passou a ser mais vulnerável, porém as diversas experiências com casos impactantes e sensíveis que construiu durante a carreira o deixaram mais resistente e preparado.
“Ninguém tem peito de aço. O medo me faz ser mais cauteloso ao apurar, mas devo continuar a minha vida e o meu trabalho sem pensar nas ameaças”, refletiu quando foi questionado sobre o tema.
Com foco na prática geral da profissão, Leslie falou um pouco sobre os desafios que enfrenta no cotidiano. Inicialmente, ele comentou sobre a forma como a velocidade da informação e a realidade dos cinegrafistas amadores são um obstáculo na rotina dos fotógrafos profissionais hoje em dia. O jornalista ainda refletiu sobre a presença dos caça-cliques no meio digital e o crescimento da inteligência artificial
Por fim, o jornalista ainda contou histórias relacionadas às apurações com mais notoriedade realizadas ao longo da carreira. Dentre elas, estão o livro Indefensável – o Goleiro Bruno e A História da Morte de Eliza Samudio; as reportagens Eurico Miranda e a caixa preta do futebol, As viagens de Cabral com o helicóptero oficial e A foto que Crivella esconde há 26 anos; além dos trabalhos Faroeste Carioca e Memórias do cárcere.
Foto de capa: Gustavo Pinheiro/Agência UVA
Reportagem de Gustavo Pinheiro
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