Esporte

Botafoguenses que foram para Buenos Aires relatam a conquista inédita do time

Alvinegro se consagrou campeão da Copa Conmebol Libertadores depois de décadas sem levantar uma taça de expressão nacional ou internacional e feito é celebrado por torcedores que apoiaram o time

Após a conquista inédita do Botafogo na Copa Conmebol Libertadores, no último sábado (31), os torcedores seguem comemorando a vitória histórica. Agora, os botafoguenses vivem a expectativa de ver o time se consagrar campeão brasileiro também. Existe a possibilidade de o título ser confirmado na noite desta quarta-feira (4) ou no próximo domingo (8), na última rodada do Brasileirão.

Não é para menos a empolgação dos apaixonados pelo Glorioso. Foram quase três décadas sem ganhar um título de expressão. A trajetória do clube também não tem sido tão fácil nos últimos anos, visto que há três anos vencia a série B do Brasileirão e voltava à elite do futebol nacional. Depois disso, virou Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e os resultados começaram a aparecer com a disputa de grandes títulos, enfim chegando a redenção com a Glória Eterna, o lema da conquista da principal competição do continente. 

A trajetória do time na Libertadores começou ainda na pré-Libertadores, a etapa qualificatória para a fase de grupos do torneio. Após uma queda de rendimento no último ano, o time precisou disputar alguns jogos a mais para então garantir uma vaga na fase de grupos. Foram momentos de altos e baixos na temporada até a coroação de um trabalho. Os torcedores viveram um misto de emoção, mas se mantiveram fiéis apoiando e acreditando até o final como é o caso do coordenador comercial, Vinicius Teixeira, de 26 anos.

“Eu acho que esse momento do Botafogo, vindo de frustração, vindo de incerteza, com muitas pessoas desacreditando, inclusive os próprios torcedores, com medo. Eu acho que a conquista desse título é uma redenção com a torcida. Que nunca abandonou, que sempre esteve ali, que esperou tanto tempo e a jornada eu acho que diz muito sobre isso. É uma jornada onde a gente se torna o primeiro campeão brasileiro a sair da pré-libertadores”, diz ele.

Vinicius não mora no Rio de Janeiro e sempre que pode vai nos jogos do Glorioso fora de casa ao lado dos amigos.
(Foto: Arquivo Pessoal)

Quem também sempre esteve ao lado do Glorioso e foi em todos os jogos do time de coração no Engenhão durante a campanha da Libertadores foi Viviane Dias, de 24 anos. A arquiteta lembra que não teve jogo fácil, inclusive o da final. Mesmo com a decisão sendo sediada em outro país, esses apaixonados pelo time foram até Buenos Aires acompanhar a decisão no Estádio Monumental, o maior da América Latina.

“A decisão de viajar partiu do meu irmão. Eu tinha certeza de que não iria, porque é uma loucura. Mas ele estava certo de que ia, e logo no primeiro jogo da semifinal, que ganhamos de 5 a 0, ele comprou a passagem sem nem saber se conseguiria ingresso. Ele me perguntou ‘Vamos?’. Eu não ia comprar a passagem, que não era barata, sem saber se conseguiria o ingresso. Ele disse que, se conseguisse, era para eu ir. Ele conseguiu, e, de última hora, comprei, parcelei tudo e acabei tomando uma decisão no meio da loucura e da emoção”, conta Viviane.

Viviane (a esquerda), seu irmão e sua cunhada foram juntos ver a final da Libertadores.
(Foto: Arquivo Pessoal)

O também botafoguense, André Cabizuca, de 45 anos, foi acompanhado da sua esposa e do seu cunhado para viver esse momento histórico, que segundo ele mesmo parecia um sonho. Sobre o jogo, o dentista tenta descrever os sentimentos, especialmente nos minutos iniciais onde viu o time perder um jogador importante.

“O jogo foi épico. Com apenas 40 segundos, seu time perdeu um dos principais jogadores. Você olhava para o lado e dizia ‘Tem coisas que só acontecem com o Botafogo’. Mesmo com um jogador a menos, o time se superou e conseguiu vencer por 3 a 1. Chorei muito após o apito final”, relembra Cabizuca.

André diz que estava animado com a viagem e assim que soube da classificação comprou as passagens.
(Foto: Arquivo Pessoal)

O momento da expulsão, nos momentos iniciais da partida, com certeza ficou marcado na memória de todos que acompanharam o jogo. Com isso, Vinicius recorda a reação da torcida.

“A energia estava incrível, mesmo antes de começar o jogo. Todo mundo muito empolgado e animado, mas, ao mesmo tempo, também muito nervoso e ansioso. Mas você conseguia ver a animação acima de tudo. Até que veio a expulsão, e foi um balde de água fria na torcida, que viu um filme passar pela cabeça”, relata Vinicius.

O coordenador comercial, diferente dos demais, foi sozinho para Buenos Aires acompanhar o jogo, mas encontrou um grupo de amigos por lá e também fez algumas amizades, entre eles o flamenguista Volney Tolentino, jornalista, de 25 anos. O torcedor rubro-negro confessa que comprou a passagem acreditando que o time chegaria na final, mas não deixou de ir aproveitar a cidade e participar do evento como o grande apaixonado pelo futebol que é. Ele foi acompanhado na final de dois amigos que conheceu na Argentina e dividiu apartamento, um botafoguense e outro atleticano, dessa maneira, ele fala um pouco sobre essa rivalidade.

“Foi uma experiência única, ainda dividi o espaço com duas pessoas que estavam brigando pelo título. No estádio a energia era muito louca; todos estavam tensos. Depois da expulsão, ficou ainda mais tenso. Acho que todo mundo do Botafogo ficou calado, e a torcida do Galo começou a cantar um pouco mais, mas, obviamente, o estádio era basicamente 70% de botafoguenses. Antes do jogo, teve brigas, acho que venderam mais ingressos do que o necessário, com confrontos pontuais de cada lado. A energia era caótica, mas, depois do primeiro gol, foi melhorando e foi uma sensação de alívio para muitos botafoguenses”, comenta Tolentino. 

A falta de organização e o despreparo da polícia foi um ponto levantado pelos torcedores. Mas, apesar disso, conseguiram aproveitar a viagem e curtir o momento. Volney conta justamente que aproveitou a cidade, o clima do evento que estava acontecendo e ainda diz que, se fosse o time dele, ficaria muito tenso, e que foi divertido ver diversos amigos e pessoas próximas a eles, através das redes sociais, se emocionando com a conquista, além de reconhecer a jornada do adversário.

“Este ano, eles foram coroados com o maior título da história, e foi merecido. Jogaram com um a menos durante toda a partida, mantendo a cabeça no lugar e sabendo se defender na hora certa. A jornada do time foi incrível, desde a Pré-Libertadores com o Júnior Santos até encerrar com o próprio Júnior Santos”, reconhece o flamenguista.

Volney acompanhou a final neutro sem tender a torcida para nenhum dos lados, mas estava com uma expectativa grande para a final brasileira em um país com tanta rivalidade com o nosso no futebol.
(Foto: Arquivo Pessoal)

Com o apito final, os botafoguenses puderam tirar o grito de “é campeão” que estava guardado durante anos. Muitos, inclusive, estavam assistindo o time pela primeira vez levantando uma taça. Viviane tenta descrever este momento.

“Não caiu a ficha, e talvez nem caia. A gente ainda está naquela expectativa de ganhar o Brasileiro, faltam dois jogos. Então, quando o jogo acabou, claro que a emoção de ter ganhado foi maravilhosa, mas o pensamento era ‘Quero mais um, quero o Brasileiro’. Mas, quando acabou… Caraca! Eu chorei muito. Foi muita emoção”, conta a torcedora.

Para Vinicius esse foi um dos momentos mais marcantes. Ele explica o sentimento ao poder ver as pessoas chorando copiosamente e se abraçando sem parar por conta da conquista do clube carioca.

“A sensação é indescritível de que tudo valeu a pena, todos aqueles momentos, todo o sacrifício que a gente faz, todos os perrengues, as dificuldades… valeu a pena. Um misto de sentimentos e um alívio enorme”, explica o botafoguense.

Os botafoguenses não seguraram as lágrimas após a consagração do título.
(Foto: Arquivo Pessoal)

Enquanto isso, para André não foi diferente. O dentista relata a experiência como algo único na vida.

“Só quem estava lá sabe a emoção que foi”, declara o torcedor.

O Botafogo fez uma temporada fantástica, com mais consistência que no ano passado e enfim trouxe felicidade do seu torcedor. Não à toa que milhares de pessoas se aventuram na última semana e lotaram as ruas da capital da Argentina, onde aconteceu a partida da decisão, acreditando no time até o final e apoiando. Agora, os torcedores estão ousando sonhar ainda mais após esse título e querendo mais. Enfim, são tempos de Botafogo. 

Foto de Capa: Vítor Silva/Botafogo

Reportagem de Nathalia Bittencourt, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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4 comentários em “Botafoguenses que foram para Buenos Aires relatam a conquista inédita do time

  1. Avatar de Joao Maciel

    Parabéns Nathalia pela reportagem! Bjs!

  2. Avatar de Dalia Mércia Barbosa Maciel
    Dalia Mércia Barbosa Maciel

    Parabéns Natalina pela excelente Reportagem! Parabéns também para todos os torcedores; principalmente para o André Cabizuca, o qual conheço desde o nascimento. Abraços para todos vocês!

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