Na primeira quinta-feira do mês de outubro (5), o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, filiado ao Partido Democrata, disse que haverá a expansão do muro que marca a fronteira entre país norte americano com o México. A decisão se deu por conta de uma nova onda imigratória ilegal de mexicanos e pessoas de outras nações próximas, que não possuíam a documentação necessária para adentrar ao território estadunidense, e também pelo aumento da pressão política sobre os problemas relacionados à imigração em geral.
Desde outubro do ano passado até o início do mês de agosto, a patrulha fronteiriça interceptou mais de 245 mil imigrantes que tentavam ingressar no país pelos portos de entrada no setor do Vale do Rio Grande (Chamado de Rio Bravo no México). O governo então planeja construir uma seção de cerca metálica com 32 quilômetros de extensão. Além da cerca, portões, câmeras e equipamentos de videovigilância serão instalados em uma região localizada no sul do Texas, para impedir, ou ao menos diminuir, a vinda ilegal de mais estrangeiros por esse local e em áreas próximas.

Para que ocorra a extensão do muro, o governo atual usará fundos concedidos pelo congresso ao antecessor de Biden, Donald Trump. O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, declarou, em um comunicado, que “não havia nenhuma nova política do governo sobre os muros fronteiriços. Desde o primeiro dia, o governo Biden deixou claro que um muro não é a resposta certa”. O secretário continuou e disse que o projeto de construção foi apropriado durante a administração anterior e que a lei exige que o governo use os recursos, com um anúncio feito no início do ano. “Pedimos várias vezes ao Congresso que fosse feita a rescisão desse dinheiro, mas infelizmente não ocorreu e somos obrigados a seguir a lei”, disse ele.
“Autorizar a construção do muro é um retrocesso, pois isso não resolve o problema de fato. É necessário entender as causas (da imigração irregular e ilegal)”, falou o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, durante sua habitual entrevista coletiva matinal, pouco antes de receber o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Na visita que o secretário Blinken fez ao México, foram discutidos e debatidos diversos problemas relacionados à imigração e ao tráfico de substâncias ilícitas em alta escala. Drogas como o fentanil, um remédio, que produzido e consumido de forma ilegal, possui efeitos similares à heroína, podendo ser até mais potentes, vem sendo um problema entre os estadunidenses, devido ao alto índice de vício, na droga que pode ser mortal.

O próprio presidente americano afirmou que é impossível interferir e fazer com que os recursos não sejam usados para ampliar o muro fronteiriço, visto que foram destinados para esse fim durante o mandato presidencial anterior. Durante muitos anos, diferentes governos, republicanos e democratas, construíram alguns quilômetros de cerca nas zonas fronteiriças com o México para conter a entrada de latino-americanos, que tentam entrar nos Estados Unidos em busca de oportunidades para viver melhor.
“A verba foi destinada para a extensão do muro. Tentei convencer os republicanos do congresso a realocarem, redirecionarem esse dinheiro, e não foi feito isso”, afirmou o presidente Joe Biden, que garante que não é legalmente possível usar essa verba para outros fins.
A decisão gerou muitas críticas e preocupações de ambientalistas e ativistas ambientais que afirmam que o muro atravessará e destruirá terras públicas, habitats de plantas e espécies de animais ameaçadas de extinção, como a jaguatirica. A Lei do Ar Limpo, a Lei da Água Potável Segura e a Lei das Espécies Ameaçadas foram algumas das leis federais revogadas pelo departamento para dar espaço para a construção do muro. Essas renúncias evitam revisões demoradas e ações judiciais que combatem violações das leis ambientais.
“É triste ver o presidente Biden descer a esse nível, ignorando as leis ambientais que são fundamentais em nosso país para construir barreiras aos que matam a fauna e flora norte-americana”, disse Laiken Jordahl, defensor da conservação no Centro para a Diversidade Biológica.

Por conta da tomada dessa medida, a questão migratória se tornou um obstáculo na corrida para a reeleição de Biden, e pode vir a ser uma vantagem para outro duelo eleitoral que poderá travar com o antigo presidente, Donald Trump. Nas redes sociais já há muitas críticas sendo feitas sobre o governo atual até o momento, e a adição dessa questão migratória, ambiental e o fato do estado ter decidido aumentar a extensão do muro fronteiriço, só dificultam a possibilidade de Joe Biden se reeleger para a presidência dos Estados Unidos.
Foto de capa: U.S. Government
Reportagem de Raphael Lopes, com edição de texto de Gabriel Ribeiro
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