Neste domingo (03), a autora da saga “Os Bridgertons”, a americana Julia Quinn, esteve presente na Bienal para ser entrevistada pela jornalista e editora de aquisições da Arqueiro, Frini Georgakopoulos. Os fãs da história, que já virou série da Netflix e vendeu 3 milhões de exemplares no Brasil, se reuniram na sala “Palavra-Chave”, atingindo sua lotação máxima. No final da conversa, Julia fez uma sessão de autógrafos para alguns leitores, que chegaram a ficar horas na fila para conseguir uma foto com a ‘Jane Austen moderna’.
Inicialmente, a jornalista pergunta se a escritora teve alguma preocupação em ver seus livros serem adaptados para a televisão. Julia responde que a ShondaLand (produtora audiovisual fundada pela roteirista Shonda Rhimes, responsável pela série Grey’s Anatomy) tem sua total confiança, pois considera o trabalho dela ótimo. A autora ainda afirma que não sabe se haverá uma quarta temporada e, se ela soubesse, a Netflix não permitiria que ela contasse ao público.

Em “Rainha Charlotte”, lançamento da Netflix que é um spin-off da série “Os Bridgertons”, Julia Quinn afirma que foi a primeira vez que teve uma história original para se basear no script, escrito junto com a produtora Shonda Rhimes. Na vida real, Charlotte era a filha de um duque, possuindo origens portuguesas e africanas e, aos 17 anos, se casou com George III, se tornando rainha da Inglaterra. A entrevistadora convida a audiência a ler o livro, pois algumas partes são diferentes da série.
“Rainha Charlotte” mostra um casal inter-racial e a jornalista pergunta se os leitores podem esperar mais diversidade em seus livros, Julia responde que talvez explore pessoas LGBT, mas casais hétero são sua especialidade. A escritora afirmou que todo o lucro arrecadado no estado da Flórida, nos Estados Unidos, é voltado para uma fundação que defende a causa LGBTQUIA+, pois a legislação contra essas pessoas é severa. Assim, essa é a forma que a autora encontrou de apoiar o movimento queer.

A editora da Arqueiro questiona Julia sobre a falta de consentimento em romances históricos, principalmente os mais antigos.
“Estamos caminhando para tempos mais empoderados, porém os livros de romance faziam sentido para a época. O único jeito que eles eram permitidos eram com viés de falta de consentimento porque a mulher não podia ter seu próprio desejo. Essas autoras foram, portanto, pioneiras”, responde a escritora.
A jornalista pergunta se a autora teve algum arrependimento ao desenvolver a história da saga “Bridgertons”, Julia afirma que não, porém, removeria o alcoolismo de Simon e, fora isso, tem confiança nas suas decisões. A escritora completa que sabe que não pode agradar os leitores sempre, mas às vezes os romances ficam complicados, assim como na vida.
No final, os fãs foram convidados a fazerem perguntas à autora. Uma das leitoras perguntou qual era o personagem mais complexo da saga, na opinião de Julia. Após uma breve reflexão, a escritora respondeu que Anthony, inspirado em seu sogro que perdeu o pai aos 20 anos e ficou transtornado ao perceber que viveria mais do que o pai viveu.
“Podem ter havido acontecimentos horríveis em sua vida, mas ela ainda pode ser cheia de alegria”, conclui Julia Quinn, ao trazer sua experiência pessoal para suas obras.
Foto de capa: Larissa Martins/Agência UVA
Reportagem de Larissa Martins, com edição de texto de Jorge Barbosa
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Resenha maravilhosa! Queria muito estar lá!
Romances sempre complicados de fato
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