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Cannes 2023 é marcado por grandes retornos e presença brasileira

A edição deste ano do festival de cinema francês ocorreu entre os dias 16 a 27 de maio.

Cannes, cidade no sul da França, reúne artistas, jornalistas e entusiastas de cinema anualmente para um dos maiores eventos da indústria cinematográfica: o Festival Internacional de Cannes. Este ano não foi diferente, e contou com exibições de filmes inéditos, um tapete vermelho muito comentado nas redes sociais, e competições como a prestigiada Palma de Ouro.

O cartaz da 76º edição do Festival, homenageia Catherine Deneuve, considerada uma das atrizes francesas mais notórias do final do século XX, e que abriu o evento, que durante os 12 dias, recebeu expoentes do cinema e celebridades desde o diretor Pedro Almodóvar ao multiartista The Weeknd. Com expectativas em James Mangold no novo “Indiana Jones e o Chamado do Destino”, Wes Anderson e Martin Scorsese, estreias e sessões especiais encheram filas e salas de exibição.

“76º Festival Internacional de cinema de Cannes; 16-27 maio 2023” (Foto: Distribuição/Festival de Cannes)

Neste ano, Ruben Östlund, diretor de “Triângulo da Tristeza”, longa indicado ao último Oscar como Melhor Filme, preside a equipe do júri da Palma de Ouro. “Anatomy of a Fall”, de Justine Triet, foi o filme vencedor deste ano, e a diretora francesa discursou no palco do Grand Théâtre Lumière com gratidão. Já o Grande Prêmio – “Grand Prix” – foi para “The Zone of Interest”, do diretor Jonathan Glazer. A competição de maior prestígio iniciou as exibições com o longa “Monster” de Hirokazu Kore-eda, que ganhou na premiação o Melhor Roteiro – “Prix du scénario”.

O festival teve início na terça-feira (16), com a cerimônia de abertura que também homenageou Michael Douglas, ator conhecido por “Instinto Selvagem” e “Wall Street – Poder e Cobiça”. As exibições iniciaram com o retorno de Johnny Depp às telonas, no drama histórico “Jeanne du Barry”, escrito e estrelado por Maïwenn, entretanto, fora da competição.

O curta-metragem “Strange Way of Life” foi apresentado no segundo dia de festival. Pedro Almodóvar contou com Pedro Pascal e Ethan Hawke para protagonizar o romance de faroeste, considerado pelo mesmo sua resposta à “Brokeback Mountain”. A produção estará disponível para o público brasileiro na plataforma MUBI ainda esse ano. 

O último filme a ser exibido no festival foi “Elemental”, a nova animação da Disney Pixar, com estreia no Brasil prevista para junho. Outros filmes repercutiram em Cannes, não só em críticas, mas também nas redes sociais, como:

  • “Indiana Jones e o Chamado do Destino”, de James Mangold, e participação de Phoebe Waller-Bridge no elenco;
  • “Killers of the Flower Moon”, o novo longa de Scorsese com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro;
  • “Fallen Leaves”, do diretor finlândes Aki Kaurismäki, que ganhou o prêmio do júri – “Prix du jury”;
  • “May December”, de Todd Haynes com atuação de Natalie Portman.

Estes dois últimos participando da competição da Palma de Ouro.

“Asteroid City” foi a grande aposta de Wes Anderson para a competição principal. O estilo cinematográfico do cineasta americano tornou-se popular na internet nos últimos meses, o que demonstra grande expectativa para o novo longa. Scarlett Johansson, Tom Hanks, Margot Robbie e Steve Carell são um dos nomes do elenco renomado que Anderson reuniu na ficção-científica ambientada nos anos 50.

Presença brasileira

Não foi a primeira vez que o Brasil fez o seu check-in em Cannes. Já com um histórico importante, é notável a influência e importância do Festival para artistas nacionais, que tornam-se conhecidos internacionalmente. Karim Aïnouz é um bom exemplo, já que o cineasta brasileiro participa pela primeira vez da competição, com “Firebrand”, uma produção inglesa. Em 2019, o diretor venceu com “A vida invisível” na mostra “Un Certain Regard” (em português, “Um Certo Olhar”).

A mostra paralela à competição principal prestigia diretores que estão estreando no mundo da sétima arte, e representa, com incentivos financeiros, oportunidades para novos cineastas. Este ano, na mostra “Um Certo Olhar”, o vencedor do prêmio de Melhor Equipe, “Prix d’Ensemble”, foi o filme “Crowrã – A Flor do Buriti”, uma coprodução do Brasil e Portugal. Renée Nader Messora e João Salaviza assinam a direção do longa que retrata a luta da comunidade indígena dos krahôs e as diferentes formas de resistência. No tapete vermelho, a equipe do filme protestou contra a tese do Marco Temporal, que está em debate no Congresso Nacional.

Kleber Mendonça Filho, diretor de “Bacurau”, também participou de Cannes, mas fora da competição com “Retratos Fantasmas”, um documentário ambientado em Recife. Na Mostra “La Cinef” – especial para filmes universitários – “Solos”, um curta feito por alunos da FAAP foi exibido. E na mostra “Cannes Classics”, o cineasta Nelson Pereira dos Santos – “Vidas Secas”, 1963 – foi homenageado em um saudoso documentário sobre a vida do precursor do Cinema Novo brasileiro.

Foto de capa: Festival de Cannes/Divulgação

Reportagem de Letícia Machado, com edição de texto de João Pedro Agner.

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2 comentários em “Cannes 2023 é marcado por grandes retornos e presença brasileira

  1. Avatar de Daniel Teixeira
    Daniel Teixeira

    Matéria perfeita!!! Essencial para quem quer conhecer mais de cinema!

  2. Pingback: “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” e “Elementos” são destaques do mês nos cinemas | Agência UVA

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