Cinema

Comédia sem bom senso

482137.jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxxUm pai protetor, uma filha independente e um namorado sem noção. Há algo sedutor em Hollywood quando se trata desse clichê cinematográfico. A fórmula foi usada em diversos filmes – como o “O Pai da Noiva”, “A Família da Noiva” e “Entrando Numa Fria” – e está presente também na mais recente comédia de James Franco. Em “Tinha Que Ser Ele?”, Ned Fleming (Bryan Cranston) disputa com Laird Mayhew (James Franco) a atenção da filha de Ned, Stephanie (Zoey Dutch). Entre os dois, ainda estão Barbara (Megan Mullally) e Scotty (Griffin Gluck), mãe e filho adolescente. O embate entre gerações e estilos de vida diferentes resulta em situações que podem causar risadas até mesmo de desconforto ao espectador.

Os primeiros cinco minutos do longa já deixam claro o tipo de humor que a trama se propõe a apresentar. Em quase duas horas de filme, as piadas – escrachadas e, em alguns momentos, escatológicas, típicas de James Franco – são a níveis de produções como “É o Fim” e “A Entrevista”, que abusam de palavrões, chacotas de cunho sexual e situações vergonhosas.

A cada nova cena o espectador pode esperar que algo constrangedor aconteça com algum dos protagonistas ou que algum absurdo seja dito pelo personagem de Franco, o que faz o ritmo da história, e das piadas, serem um tanto previsíveis, embora não seja um demérito. O jovem bilionário excêntrico não possui filtro e seu linguajar inapropriado para a família Fleming não passa despercebido.

307632.jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxx
Bryan Cranston e James Franco em cena. [foto: Divulgação/ Twentieth Century Fox].

O timing de comédia de Bryan Cranston e Megan Mullally juntos são um dos pontos fortes do filme. A dupla consegue fazer rir apenas com expressões e olhares, o que contribuiu com a construção da narrativa cômica ao longo do filme, sem precisar forçar piadas a todo momento. Personagens secundários, como os funcionários da empresa de Fleming e os da mansão de Laird, são bons complemento ao elenco principal.

O fato da trama parecer com a de “Entrando Numa Fria” não é coincidência, já que roteiro e direção ficaram nas mãos de John Hamburg, responsável também por escrever a trilogia protagonizada por Ben Stiller. Ao se comparar os filmes, parece que muito foi reaproveitado, porém “Tinha Que Ser Ele?” consegue dialogar diretamente com o público mais jovem por ser um filme repleto de referências atuais. Embora o enredo se sustente mais nas situações vergonhosas e palavrões do que numa história com mais substância, é uma opção divertida para quem está acostumado com o nível de comédia escrachada e indecente que Hollywood tem oferecido de tempos em tempos.


Beatriz Brito– 5º Período

Avatar de Desconhecido

Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

0 comentário em “Comédia sem bom senso

Deixe um comentário