Cinema

Passando da dose

051881-jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxxQuando os primeiros trailers de “A Cura” chegaram à internet, a expectativa de surgir uma nova “Ilha do Medo” foi criada. A proposta do longa é até bem parecida, mas a execução esbarra em um velho inimigo dos filmes hoolywoodianos, a insistência em repetir a mesma informação diversas vezes para que o mais burro dos espectadores entenda o que está sendo contado. O problema, é que essa teimosia acaba cansando, e até mesmo irritando, aqueles que procuram por uma boa história.

Contextualizando, Lockhart (Dane DeHaan) é um jovem e ambicioso investidor de Wallstreet que só pensa em trabalhar. Depois de problemas com a justiça, ele é enviado para nos Alpes Suíços com a missão de trazer de volta o CEO da empresa, Pembroke (Harry Groener), para os EUA. O problema é que depois de um acidente, ele acaba sendo internado justamente no hospital/spa que seu chefe está internado. A instituição realiza os procedimentos a base de uma água purificada, que eles acreditam ser a cura para todos os males humanos. Com o tempo, o protagonista acaba duvidando da própria sanidade e descobre a verdade por trás do misterioso lugar.

O primeiro ponto que deve-se destacar no longa é a incrível estética adotada pelo diretor Gore Verbinski (“O Chamado” e “Piratas do Caribe”). Com uma simetria fotográfica à lá Stanley Kubrick em “O Iluminado”, “A Cura” impressiona com cenas extremamente belas, explorando toda a beleza dos Alpes. A história tem uma premissa muito boa e que, pelo menos até a metade do filme, é bem contada.

O diretor passa todo o primeiro ato do longa apostando mais na imagem, deixando que ela conte a história sozinha e fazendo com que o espectador tenha que raciocinar para entender o que está acontecendo. O problema é que depois da metade do filme, as mesmas coisas são repetidas diversas vezes, em uma tentativa de ter certeza que ninguém esqueceria o que está sendo contado. Essa postura acaba alongando muito a narrativa, que por si só já é muito grande (2h30min) e afeta muito a experiência de ver a obra, fazendo com que o público acaba ficando com a sensação de: “ah, se o filme fosse 30 minutos mais curto… Seria tão melhor…”.

Um filme que tinha a fotografia digna de Kubrick, uma premissa parecida com a de “Drácula” e um potencial para ser o próximo “A Ilha do Medo”, acabou pecando por querer se explicar muito. Ao que parece, os produtores americanos ficaram com medo de o longa ter o mesmo resultado de “A Bruxa”, que foi sucesso entre os críticos, mas odiado pelo grande público. A pena, o cinema perdeu uma grande história.


Iago Moreira- 7º Período

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