A “indústria” do Natal que é passada e comercializada nasceu no hemisfério norte. É por isso que vemos o Papai Noel usando agasalhos muito fortes, renas como se fossem animais comuns, bonecos de neve, viscos natalinos e pinheiros. O Centro Cultural João Nogueira montou o “Natal 40°”, uma exposição que fica aberta até 6 de janeiro, mostrando não simplesmente o hemisfério sul e sua visão do natal, mas principalmente o Brasil, com sua específica cultura natalina que valoriza nossas tradições.
Na abertura da mostra, o teto foi enfeitado com luzes de árvore de natal, à esquerda, uma parede revestida de papel de presente e à direita, três montagens muito inteligente feitas com papelão e criatividade. No primeiro quadro podemos observar três trabalhadores do campo, se dirigindo a algum lugar em condições precárias. No segundo, um casal, com aparência pobre, em uma casa muito simples e um menino no colo da mulher, sereno. Por último, os três reis magos: o Rei Pelé, o Rei Roberto Carlos e o Rei do Baião, Luis Gonzaga.
Domingo Guimaraens e Gabriel Pardal são os curadores desse projeto e explicam a ideia por trás da transformação do cenário frio glacial para calor tropical. “A exposição Natal 40 ° mostra outras características da festa em diversos lugares do mundo e principalmente propõe uma repaginação dos tradicionais costumes natalinos, imaginado- a com a nossa atmosfera”, explicam eles.
Saindo desse corredor e entrando na sala, logo no centro, uma árvore de natal cujos enfeites são frutas típicas do nosso país, demonstra a versão brasileira desse símbolo. Ao longo de todas as paredes, onze quadros falam de curiosidades do Natal ao redor do mundo. Desde a explicação da cor vermelha, que veio da coca-cola, a criação do papai Noel, o porquê das renas de natal, o primeiro pinheiro, e as tradições brasileiras natalinas: o pastoril nordestino, o reisado e a folia de reis, além da explicação religiosa do cristianismo ortodoxo. Fora do país, a interessante versão da Islândia cercado por números 13, a estranha época no tempo em que um Papai Noel foi queimado acusado de realizar bruxaria, a Saturnália e o dia do nascimento do sol invencível.
Para tornar a visita mais interativa foram montadas uma árvore dos desejos, três quebra cabeças com representações visuais mais brasileiras do natal, uma piscina de bolinhas em forma de saco de presentes, um vídeo do dia-a-dia na “Escola de Papais Nóeis”, e uma jukebox que toca versões não tão comuns de músicas natalinas. Um ótimo exemplo contido na máquina vem do pouco conhecido álbum natalino de Snoop Dogg que inclui a canção “Santa Claus Goes Straight To The Ghetto”, além da música do propulsor das paródias no youtube Weird Al Yankovic com “The Night Santa Went Crazy”, entre tantas outras.
Os curadores falaram também sobre essa ideia de deixar a exposição uma experiência mais do que visual. “Compreendemos que o Natal é principalmente o encontro entre famílias, e famílias no campo expandido, por isso nossa ideia é criar um ambiente onde os desconhecidos possam se sentir à vontade para participar desse encontro. Um espaço para experimentar o lado lúdico de um outro natal”, dizem eles.
Sabendo que aqui no Brasil não tem chaminé e que o risco de sair invadindo casas é assustador para um cidadão de qualquer idade, uma renovação no símbolo do Natal era mais do que bem-vinda. Com o uniforme adequado e as ideias atualizadas, o trabalho do bom velhinho poderá ser feito com mais eficiência e ainda deixando o cliente satisfeito e feliz.
Luana Feliciano – 2° Período

0 comentário em “Feliz Natal Tropical”