Beco dos Garranchos

Por uma cultura que busca a tangente

logoSandra Machado

            Mudanças tecnológicas sozinhas não são determinantes em orientar novos caminhos para a imprensa. Prova disso é o 6º Colóquio Rumos Jornalismo Cultural – Convergências, promovido pelo Itaú Cultural em sua sede na Av. Paulista entre os dias 3 e 5 de dezembro que, a julgar pela prévia da primeira manhã do evento, indica uma preocupação essencial com atalhos que levem à periferia. Num debate entre 12 alunos e oito professores selecionados entre os mais diversos cursos de Comunicação Social do país e a veterana Lúcia Guimarães – hoje repórter do Saia Justa da GNT e colunista e colaboradora de O Estado de S. Paulo e da Rádio Eldorado – levantou-se a questão de que é preciso abrir espaço para as pautas que estão por aí a descoberto simplesmente porque não dispõem de um marketing estruturado.

            Nem sempre os artistas mais conhecidos são destaque no seu país de origem ou merecem toda a cobertura que recebem por aqui, uma vez que divulgação depende muito mais de contatos estratégicos do que de talento, lembrou Lúcia. Pautas parecidas também atrapalham a cobertura do cenário cultural nacional que é tão rico, mas tão pouco explorado. No entanto, nas reportagens que promoveram seu encontro com o Itaú Cultural, boa parte dos alunos tratou de temas periféricos, como o sotaque do caipira ou o folclore regional. “A censura corporativa é muito pior do que a da época da ditadura”, afirmou a palestrante, que considera uma perda para o público quando há uma opção editorial em promover o que é obscuro ou elitista.

            Algumas recomendações importantes, em especial para os estudantes de Jornalismo, surgiram desse primeiro encontro realizado no Salão Vermelho, na sede do Itaú Cultural:

– uma formação estética pobre pode ser compensada pela sensibilidade e pela humildade intelectual de saber fazer perguntas;

– é a leitura de livros, mais do que a de jornais, que ajuda a aprender a escrever;

– um bom editor embeleza o texto do repórter e pode ser seu melhor aliado;

– entrevista por e-mail só funciona se não envolver assunto polêmico, ou o repórter não poderá discutir no mesmo momento as afirmações do entrevistado;

– é preciso combater o conceito de “monstros sagrados” no jornalismo cultural: qualquer artista pode, sim, realizar também um trabalho ruim.

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Agência UVA é a agência experimental integrada de notícias do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida. Sua redação funciona na Rua Ibituruna 108, bloco B, sala 401, no campus Tijuca da UVA. Sua missão é contribuir para a formação de jornalistas com postura crítica, senso ético e consciente de sua responsabilidade social na defesa da liberdade de expressão.

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