A morte do escritor Euclides da Cunha completou 100 anos em 2009 e foi tema de Seminário realizado em Cantagalo, sua terra natal, entre 25 e 27 de Setembro. O evento, que faz parte do projeto 100 Anos Sem Euclides, contou com a presença do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, e do escritor Ariano Suassuna, que ressaltou: “Euclides da Cunha está para o Brasil assim como Dom Quixote está para a Espanha”.
Euclides da Cunha estudou Engenharia e foi integrante do Exército Brasileiro, porém, o grande destaque de sua atuação foi no Jornalismo e Literatura. Em 1987, Euclides foi enviado para a Bahia pelo jornal O Estado de São Paulo a fim de cobrir jornalisticamente o conflito de Canudos, no sertão baiano. O confronto entre o exército e integrantes do movimento popular liderado por Antônio Conselheiro, durou de 1896 a 1897 e deu origem ao livro “Os Sertões”, obra mais famosa do escritor.
À época, a noção que as elites tinham a respeito do grupo liderado por Conselheiro era de que tratavam-se de Monarquistas, interessados no retorno do regime ao país, que tinha recentemente tornado-se República. Euclides, republicano convicto, chegou ao conflito com este conceito prévio e ao final do mesmo caracterizou-o como um movimento motivado pela grave crise econômica e social pela qual passava a região, historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico. Milhares de sertanejos partiram para Canudos, unidos na crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social.
As três semanas de Euclides da Cunha no arraial de Canudos resultaram num livro no qual o escritor procurou vingar os mortos no massacre: “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”. “Os Sertões” acabou por tornar-se um dos mais importantes marcos da literatura brasileira, e como tal inspirou uma série de obras baseadas no conflito de Canudos, escritas no mundo todo.
Raquel Halfeld
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