Em uma bela sexta-feira de sol eu – Carlos – e mais dois amigos – Adriano e Jatobá – íamos em direção ao Estádio Mário Filho com a intenção de comprar ingressos para a final da Taça Rio do Campeonato Carioca.
Isto não era incomum entre nós: pelo menos uma vez por mês íamos juntos ao Maracanã para não enfrentarmos fila no dia do jogo. O que parecia um dia normal se transformou em terror: andando despreocupadamente pela pista de atletismo do Estádio, fomos abordados por dois moradores de rua.
– Me dá dez centavos aí, irmão – o mais velho pediu.
Nós três prontamente respondemos que não tínhamos nenhuma moeda, então ele começou a nos ameaçar com uma caixa de engraxate até então não notada pela gente.
– Aê! Pode ir passando o celular, tô com uma arma escondida aqui, passa o celular ou vou “passar vocês” – o senhor ameaçava, enquanto o mais novo nos cercava.
Eu e Jatobá começamos a andar mais rápido, procurando evitar o cerco dos dois mendigos. Mas Adriano aparentemente não entendera: ele estava ficando para trás, cercado pelos dois indivíduos. Nossa esperança aumentava à medida que dois garis vinham em direção a nós. Ao olharmos para trás, vimos os dois correndo na direção oposta e Adriano vindo ao nosso encontro. Nem deu tempo de sentir alívio, pois nosso amigo chegou a nós falando:
– Caraca, eles levaram meu celular.
Ficamos espantados. Sabíamos que o mendigo não estava armado, pensávamos que Adriano também soubesse disso. Ainda pasmos com a inocência do nosso amigo, demos meia volta e, correndo atrás dos moradores de rua, os encontramos no Restaurante Popular do Maracanã. Informamos ao GEPE (Grupamento Especializado em Policiamento de Estádios) e recuperamos o celular. Bem mais aliviados, fomos até o guichê de venda – escoltados por um trabalhador de lá – para só então descobrir que estava fechado: não estavam vendendo ingressos antecipadamente. Passamos por aquilo tudo à toa.
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