Beco dos Garranchos Cultura

O medo não liga para tamanho

A partir da exibição do videoclipe “I’m afraid of Americans”, de David Bowie, os alunos de Técnicas de Redação & Expressão redigiram narrativas ou dissertações sobre o sentimento do medo – confira!

Bianca Oliveira

 

O medo já é um sentimento comum ao ser humano. Quem disser que não sente está mentindo descaradamente.

Sentir medo não é o problema. O problema sou eu. Sou uma das pessoas mais medrosas que existe no mundo. Meus medos são os mais variados e absurdos possíveis. Desde os clássicos, como do escuro, de morrer e não saber o que vem depois, de passar vergonha em público, de ser assaltada, de perder pessoas queridas, até os mais bizarros, como o de acender luzes. Morro de medo de acender luzes! Eu posso apertar o interruptor muito rápido, a energia chegar depressa na lâmpada, ela explodir em pedacinhos e estes voarem para meu rosto.

É, eu sei que é estranho, mas não posso evitar. Mas meu maior medo é de barata. Essa me faz sentir todas as sensações que ele provoca. Já fui assaltada, já caí em público e já fiquei presa em um elevador sem luz. Mas nada me provoca tanta medo quanto esse infeliz inseto que não sei por quê existe! E parece que ela sabe que você a teme. Ela vem pra cima da pessoa que tem pavor. Direto! E eu sei exatamente como é isso. Certa vez estávamos eu, minha mãe e uma amiga minha conversando e fazendo sanduíches, numa madrugada de carnaval. Não sei de onde ela saiu – é, porque elas também aparecem assim, por um toque de mágica. Voadora, pra completar meu desespero! Foi aquela confusão para sair da cozinha e eu, logo eu, fiquei por último. Resultado: ela pousou no meu braço. Juro que se tivesse um espelho por perto ele quebraria com a potência do meu grito. Não preciso falar que os vizinhos acordaram e meu pai veio correndo, pensando que era um assalto. Depois do grito veio taquicardia, choro, tremor, frio e inquietação. Se a minha hora de morrer já tivesse chegado, seria naquele momento. Minha pressão subiu horrores e quase tive um infarte. É impressionante como uma coisinha consegue causar tanto pavor em uma pessoa, quando a maneira mais prática seria dar um pisão bem dado e esmagar a nojenta. Mas… é o medo, né?

E que nenhuma pessoa que deseja meu mal, ou algum inimigo meu, leia esse relato. Ao contrário, já estou vendo qual será minha forma de tortura.

 

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