Com o objetivo de discutir as mudanças recentes e significativas na concepção e na estruturação dos programas de televisão, o programa de pós-graduação em comunicação e cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGCOM/UFRJ) realizou o seminário “A TV em transição: tendências de programação no Brasil e no mundo”. O evento contou com a presença de Toby Miller, da Universidade da Califórnia, Vera França, da UFMG, Itania Gomes, da UFBA e Gabriela Borges, professora convidada da Universidade do Algarve, Portugal.
A escolha do tema, segundo João Freire Filho, coordenador do PPGCOM/UFRJ, deve-se a sua perplexidade na escassez de reflexão no que diz respeito à programação da televisão brasileira e mundial. Outro motivo foi o fato de os estudos sobre o tema ficarem restritos às políticas dos meios de comunicação e, também, às novelas, que causa identificação social no público telespectador. João Freire Filho acrescenta que o seminário realiza reflexão profunda das TVs e o seu futuro, através da convergência com as outras mídias.
Com o advento das novas mídias, principalmente, a internet, muitos especialistas defendem a idéia sobre o fim da televisão. Toby Miller, autor de diversos livros sobre mídia, opõem-se a este pensamento. Segundo ele, “a televisão nunca vai acabar. Nos Estados Unidos, a venda de televisores aumentou em 1,5% em 2008 e a população passou a ficar uma hora a mais em frente à TV”. Ou seja, as “pessoas continuam a assistir TV”, diz.
Miller acrescenta que a TV está convergindo com as outras mídias. Ele citou o exemplo de Barack Obama, que foi considerado o primeiro presidente eleito pela internet. De fato, ele usou muito essa mídia, mas seus assessores investiram maciçamente em outras mídias, como a TV, colocando diversas inserções no horário nobre, horário de maior audiência.
A professora Vera França, da Universidade Federal de Minas Gerais, pensa como Miller. Para ela, “a televisão é o carro-chefe da mídia na sociedade. Ela continua forte devido ao seu diálogo com as suas outras mídias. Entretanto, ela passou, passa e passará por constantes transformações”, afirma.
Vera citou durante o seminário alguns aspectos sobre a sintonia entre a TV e a sociedade. A primeira é a dimensão estetizante, que é a maneira como as TVs se constroem e a estética como forma de fazer sentir. A segunda é o cotidiano e a proximidade, que é o local e o doméstico ganhando mais importância, passando a serem mais acentuados. Por último, está o diálogo intermídias, que é a convergência entre as mídias e a televisão, que só contribui.
Já Itania Gomes, da Universidade da Bahia, falou sobre a expansão do infotainment, que traduz a fronteira entre comunicação e entretenimento. “Ela se explica pelas mudanças do sistema global de comunicação, carregando o sentido amplo de informação. Ela acolhe também a informação e ficção. Um dos exemplos está o CQC (Custe o que custar), um dos melhores programas feitos no Brasil”, diz. Além disso, afirma que o infotainment não deve ser avaliado como um novo gênero televisivo.
Já Gabriela Borges, da Universidade do Algarve, estuda a programação das televisões públicas, principalmente a de Portugal. “Com o fim do monopólio das emissoras estatais, estas passaram a sofrer com a concorrência das privadas. Em Portugal, a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa) sofreu uma grande transformação na sua estrutura, já que no país existiam duas emissoras privadas: Sic e a TVi”, declara. As programações de ambas optam pela qualidade, devido ao antigo monopólio.
Ao final da palestra, ocorreu o coquetel de lançamento com a coletânea que reúne artigos de todos os palestrantes e moderadores de mesa.
Richard Hollanda – 8º Período
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