A maioria dos internautas que embarcaram na empolgação inicial do Orkut quando ninguém ainda lidava com a ferramenta reconhecem terem cometido exageros na divulgação de informações e mudaram seu comportamento na Internet.
Esse movimento é natural, segundo Gabriel Coutinho, psicólogo da UFRJ (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). “Quando diagnosticaram os impactos negativos da exposição, muitos usuários deixaram o Orkut, enquanto alguns passaram a selecionar mais algumas informações que divulgam”, afirma.
Para o especialista, essa exposição está muito ligada à cultura expansiva do brasileiro, totalmente diferente da encontrada na Europa e Ásia, por exemplo. Talvez, por essa característica tupiniquim, o Orkut obteve muito sucesso por aqui. Dos seis milhões de usuários cadastrados, 75% dizem ser do Brasil.
O analista de comunicação Rodrigo Souza, de 27 anos, é um internauta que considera ter exagerado e futuramente irá evitar essa divulgação desnecessária. Sentindo a invasão na sua intimidade exposta por testimonials (depoimentos) e scraps (recados), ele deletou seu profile (perfil) no Orkut, ato conhecido como orkuticídio, há duas semanas. Uma espécie de Rehab (reabilitação).
Souza pretende criar outra página e afirma que será discreto no próximo perfil. “Não quero pessoas cuidando da minha vida , visualizando e lendo tudo o que estou fazendo quando abrirem minha página”, diz.
O webdesigner Vanderlei Alves Fernandes, de 33 anos, também sofreu a falta de privacidade quando a rede começou a crescer. “Você escreve para um determinado grupo e, quando percebe, suas informações podem ser vistas por outros tipos de público”, diz. Dentre esse e outros motivos, como lentidão, fizeram ele optar pela saída do Orkut.
Por Jeferson Lapan • 6º período • Jornalismo Digital

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