Comportamento Crônica Geral

Sou quem eu sou por sua causa

Em sua primeira crônica, a jornalista Luisa Lucas conta um pouco sobre a experiência no show do cantor Jão no Rio de Janeiro.

Por Luisa Lucas

Meu amor pelo cantor e compositor Jão começou no ano de 2018, quando eu estava no primeiro ano do ensino médio. Porém, devo confessar que não foi amor à primeira vista — ou melhor na primeira ouvida. Conheci o trabalho do cantor de três letras por causa de uma amiga do colégio que só ouvia “Vou morrer sozinho”. Na minha cabeça eu só pensava, “que nome de música é esse?”. Mas os dias foram passando e à medida que eu ouvia o refrão chiclete da canção, mais eu gostava. Logo decidi ir ouvir as outras músicas dele.

Até então, Jão tinha apenas um álbum, “Lobos”, e não tinha uma música que eu não gostava, mas uma havia me conquistado. A última faixa do álbum, “Monstros”, é uma música sobre medos, insegurança e também sobre correr atrás de seus sonhos, mesmo que os outros digam que eles são impossíveis. Para uma jovem de 15 anos, que começava a se preparar para o vestibular e sonhava com tanta coisa, “Monstros” foi um encorajamento, um abraço quente em uma manhã fria.

Dois anos se passaram, estávamos em uma pandemia e a Luisa de 17 anos que vinha se sentindo um tanto sozinha pela distância dos amigos foi apresentada à comunidade de fãs do tal cantor Jão no Twitter. O que era até então uma paixão que eu vivia sozinha se tornou algo que me conectou com tantas pessoas.

Agora em 2024, o cantor está com a sua nova turnê rodando o país. Meu coração estava a mil esperando o momento em que a Superturnê desembarcaria na cidade maravilhosa. A data precisou ser adiada, e a ansiedade aumentava cada vez mais. Eu já tinha ido a outros shows do Jão. Em 2022, estive presente em três dos quatro shows da Turnê Pirata no Rio de Janeiro, mas o novo show é diferente. É uma experiência completa por seus quatro álbuns, além da grande estrutura com uma torre de 30 metros de altura, um dragão e um show de fogos de tirar o fôlego. Para quem acompanha o trabalho do Jão desde o início, ver ele com um show tão grande e melhor ainda, com tantas pessoas indo assisti-lo, é algo que nos enche de felicidade.

Finalmente chegou o grande dia. Eu me tremia por completo, parecia que era a primeira vez indo a um show dele. Decidi ir logo após o almoço para a fila, mesmo o show só começando às 20h30 da noite. A ansiedade e a vontade de ver os amigos falava mais alto, e principalmente, naquela noite teria o tão sonhado meet and greet com ele. O nervosismo tomava conta de tudo, e meus dois amigos e eu tentávamos nos distrair enquanto aguardávamos na fila para ter aquele pequeno momento com o Jão.

Eu tinha tudo preparado; tinha uma foto minha com ele para pedir autógrafo, tinha um presente para ele (um caderninho com diversos recados de fãs) e tinha pensado em uma pose perfeita para foto: nós dois segurando um DVD, uma brincadeira com sua música “Locadora”. Quando finalmente chega a minha vez, parece que o mundo para e até mesmo a memória falha um pouco. Se não fosse a gravação de voz que fiz do momento, acho que não lembraria de muita coisa. O que eu lembro com clareza é de entrar e ele falar “me dá um abraço”.

Jão é assim, sempre carinhoso com seus fãs, tratando todos com todo o amor, acolhendo a todos. Como ele mesmo diz, seu show é para que todos se sintam acolhidos e à vontade, em casa. E naquela noite, a Apoteose foi a casa de milhares de lobos (forma que são chamados os fãs do cantor), inclusive a minha. Quando a primeira nota começou a tocar, não pude conter a emoção e cantar com ele a letra que diz, “Eu tenho um sonho, eu quero o mundo”.

Ele estava conquistando o mundo, e naquele momento, tinham 30 mil vozes cantando junto com ele. Para mim, como fã desde 2018, aquela noite na Superturnê foi uma das noites mais lindas da minha vida. Viver esse show na minha cidade, cercada de amigos que conheci por conta do Jão deixou tudo mais lindo e especial.

A cada música que começava era uma surpresa, uma emoção diferente, parecia que era tudo um sonho. A ficha só começou a cair quando ele cantou minha música favorita, que eu nunca tinha ouvido ao vivo antes. Nas primeiras notas de “Monstros”, as lágrimas logo começaram a cair. Eu só sabia olhar encantada para o palco, e cantar junto com ele a música que significava tanto para mim.

Foi uma noite linda. Cantei, chorei, ri e dancei com meus amigos. Digo com tranquilidade que foi o melhor show que eu fui até hoje. E como ele mesmo canta na música “Rádio”, “eu sou quem eu sou por sua causa”.

Foto de capa: Marcela Lorenzetti

Crônica por Luisa Lucas, com edição de texto de João Agner

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1 comentário em “Sou quem eu sou por sua causa

  1. daniel miranda Miranda

    Adorei a crônica!

    A paixão da autora pela temática é perceptível. Impossível não se contagiar um pouco com o sentimento ao longo do texto.

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