Esporte

Marta anuncia aposentadoria da Seleção e marca o fim de uma era

Atacante eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo deixará de jogar pela Seleção ao fim dos Jogos Olímpicos de Paris

A jogadora Marta, maior artilheira do futebol brasileiro, anunciou na última quinta-feira (25) a sua aposentadoria da Seleção após os Jogos Olímpicos de Paris, que acontecem entre 26 de julho e 11 de agosto deste ano. Com 17 gols, a atleta de 38 anos também é a maior artilheira em Copas do Mundo, tanto na modalidade feminina quanto na masculina.

A jogadora atua pela Seleção nacional desde 2002.

Ainda na infância, quando começou sua paixão pelo futebol, a alagoana de Dois Riachos já driblava preconceitos e ignorava críticas daqueles que julgavam o esporte como algo exclusivo para homens. Dividindo as disputas em jogos de futebol amador com o trabalho, em que realizava serviços diversos como transporte de produtos ou vendas de roupa e sacolé, Marta presenciou uma reviravolta em sua vida no futsal.

Ao disputar a Copa Infantil de Futsal, um dos principais campeonatos que ocorriam no município de Santana do Ipanema, em Alagoas, ela foi aceita pelo treinador Luiz Euclides, conhecido como “Tota”, para jogar contra outros garotos. No entanto, a jovem acabou se sobressaindo em relação aos demais jogadores, fazendo com que os meninos começassem a ameaçar machucá-la. Logo, o próprio Tota a afastou das quadras e da competição pela qual veio se tornar Copa AABB de Futsal Masculina.

Porém, o que poderia ser uma decepção, acabou se tornando um trampolim para o começo de sua carreira profissional. Com a persistência em se tornar uma jogadora, Tota conseguiu dois testes de futsal para ela no Rio de Janeiro, sendo um no Vasco e o outro no Fluminense. Assim, juntando dinheiro com os trabalhos que fazia, entrou num ônibus e viajou sozinha para a Cidade Maravilhosa aos 14 anos.

Depois de chegar ao Rio e concluir os dois testes, Marta recebeu a notícia de que não havia sido aprovada no Fluminense, mas que iria para o Vasco. Após um período no Gigante da Colina e já nos gramados, ela se transferiu para a Suécia, iniciando sua carreira na Europa.

Marta iniciou a carreira no Vasco antes de despontar para o futebol mundial. (Foto: Reprodução/X/Vasco da Gama)

Trajetória com a amarelinha

A passagem marcante da Rainha do Futebol pela Seleção Brasileira se dá pelos números e conquistas dela nos jogos e competições em que atuou. Com a camisa da amarelinha, ela marcou 116 gols em 175 partidas, sendo a maior artilheira da história da Seleção em todas as modalidades. Também foi peça fundamental em conquistas como os Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007 e a Copa América Feminina, conquistada em 2003, 2010 e 2018, quando venceu o último título pelo Brasil até este momento. Nos Jogos Olímpicos, obteve a medalha de prata nas edições de Atenas 2004 e Pequim 2008.

Ela também foi uma das responsáveis por fazer com que o Brasil alcançasse a sua melhor campanha em Copas do Mundo no ano de 2007. Na ocasião, a competição foi disputada na China e a Rainha contribuiu com sete gols e demais chances criadas para que o país chegasse à final do torneio. Porém, a equipe foi superada pela Alemanha com o placar de 2 a 0. Marta acabou perdendo um pênalti na partida e o sonho da conquista inédita foi adiado.

Marta participou de seis Copas do Mundo e cinco edições de Jogos Olímpicos.
(Foto: Reprodução/X/CBF)

Ao se tratar de artilharia por competição disputada pela Seleção, Marta foi quem mais marcou gols em duas oportunidades. Foram 12 gols nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e sete gols na Copa do Mundo de 2007. A Rainha é, inclusive, a maior goleadora da história das Copas do Mundo, marcando em 17 oportunidades.

As conquistas individuais de Marta também falam por si só. Além das artilharias e demais prêmios, a brasileira foi eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018. Ela ainda conquistou a Bola de Ouro e a Chuteira de Ouro pela FIFA na Copa do Mundo de 2007, os prêmios foram dados por ter sido a artilheira e melhor jogadora da competição.

Foto de capa: Lívia Villas Boas / CBF

Reportagem de Leonardo Pires de Carvalho, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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