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Finalista inédito! Conheça o Nova Iguaçu, a Laranja Mecânica da Baixada

O clube da Baixada Fluminense foi a terceira equipe de fora da capital a chegar na final do Cariocão

O Nova Iguaçu enfrentará o Flamengo pela final do Campeonato Carioca de 2024. A última fase do torneio será decidida em dois jogos que acontecerão no próximo sábado (30), às 17 horas, e em 07 de abril, com horário a definir. Ambas as partidas serão realizadas no Maracanã.

Após a classificação sobre a equipe do Vasco da Gama na semifinal, a Laranja Mecânica da Baixada terá a oportunidade de disputar a última fase do Cariocão pela primeira vez em sua história. Além disso, essa é a terceira ocasião pela qual um clube de fora da capital fluminense consegue alcançar a final da principal competição estadual de futebol no Rio de Janeiro.

A final do Campeonato Carioca é decidida em jogos de ida e volta.

O Nova Iguaçu Futebol Clube foi fundado há pouco tempo. A agremiação ganhou vida no dia 1 de abril de 1990, na Baixada Fluminense. Apesar da data ser conhecida popularmente como o dia da mentira, esta realmente é a data de fundação do finalista inédito do Cariocão. Mas por ser um clube de menor expressão no cenário, muitas pessoas não possuem conhecimento sobre o time da Baixada. A Agência UVA preparou um resumo histórico sobre o time das cores laranja e branca.

Encabeçado por Jânio Moraes, diretor-presidente até hoje, e com o auxílio de mais de 25 profissionais, o Pantera da Baixada foi fundado em uma sala de 40 metros quadrados, na Rua Topázio, número 10, no Centro do município de Nova Iguaçu. O ex-jogador Zinho, campeão mundial em 1994 com a Seleção Brasileira, foi um dos idealizadores do projeto.

A estreia do clube pelo futebol profissional veio a acontecer apenas quatro anos depois, na Série B do Campeonato Carioca, que na prática seria a terceira divisão. A Laranja Mecânica da Baixada conquistou o seu primeiro título profissional na primeira competição que disputou. Na primeira fase se classificou para o mata-mata, e avançou até a final, quando enfrentou o Goytacaz e venceu nos pênaltis por 3 a 2 após empatarem em 0 a 0 com a bola rolando.

Em 2023, o Nova Iguaçu já demonstrava evolução em sua instituição. O clube atingiu sua melhor marca na Copa do Brasil ao chegar na terceira fase da competição, um marco histórico para o clube e que rendeu um ótimo montante financeiro para o time da baixada. A Pantera da Baixada acabara eliminada para o América-MG, após perder por 2 a 1 no Rio de Janeiro, e 5 a 0 na Arena Independência, em Minas Gerais.

Em 2024, o Nova Iguaçu vive o auge de sua história. Disputará a final do Estadual pela primeira vez em sua história, além de ser apenas a terceira vez na qual um clube de fora da capital do Rio de Janeiro chega a final do Cariocão. Anteriormente, Americano e Volta Redonda já haviam conseguido tal feito, em 2002 e 2005, respectivamente. Ambos foram vice-campeões para o Fluminense.

Finalista inédito, o Nova Iguaçu enfrentará o Flamengo, que, por sua vez, é o maior campeão do torneio.

A Agência UVA também conversou com Léo Guerra, ex-jogador de futebol, que atuava pela equipe do Volta Redonda na campanha histórica do Tricolor de Aço em 2005, a fim de entender um pouco sobre os obstáculos para uma equipe de menor expressão alcançar e disputar a final do estadual. Confira abaixo a entrevista exclusiva:

“Quais semelhanças e diferenças você enxerga entre esse Nova Iguaçu de 2024 e o Volta Redonda de 2005?”

A semelhança é contratar bons profissionais para a comissão técnica, dar um bom suporte para o atleta, um bom alojamento. O Volta Redonda, e acredito que o Nova Iguaçu também tenha, tinha uma caixa de areia para realizar os treinamentos, uma academia, uma piscina, um centro de treinamento bom, com campo bom, com boas bolas. A gente se alimentava no clube também, e toda vez que descia para jogar no Rio de Janeiro, a gente ficava alojado em bons hotéis, onde a gente estava com uma estrutura parecida com a de time grande. A gente tinha suplemento, tinha todo o suporte que a gente precisa para ter um bom resultado dentro de campo.”

Qual você acha que foi o grande diferencial do Volta Redonda em 2005 pra conseguir superar os times considerados grandes e chegar até a final?

O Volta Redonda de 2005, era uma equipe muito bem treinada, com atletas que ja tinham passado por times grandes, com bastante êxito na carreira. São atletas com mescla de atletas rodados com atletas novos em destaque. Os novos querendo alcançar uma coisa melhor na carreira e os mais rodados dando ali o suporte e calma dentro de campo, e essa mescla proporcionou uma grande diferença na competição. Já tivemos ali (no Volta Redonda) um incentivo de presidente, sorteio antes dos jogos, sorteava camisa do clube, tanque de gasolina, e acho que isso é um grande diferencial e com isso o clube criou uma união bem grande.

Queria saber como é pro jogador que vive um momento como esse, em que você está num clube menor e sendo observado por todo o Brasil. Como é lidar com esse momento e o assédio dos clubes maiores? Aconteceu com você, Lugão e Schneider, que enquanto jogavam pelo Volta Redonda conviveram com o interesse do Fluminense.

“Acredito que a cidade de Volta Redonda seja menor que a cidade de Nova Iguaçu, a gente saía na rua, era bastante assediado, eram bastante fotos. Uma vez tivemos que ir para Resende, uma cidade vizinha, onde ficamos uma semana em um hotel e a maioria dos jogadores recebiam propostas de clubes maiores. Eu lembro bem que eles me perguntavam se eu tinha alguma proposta, mas eu realmente não tinha, estava ali tão confiante no resultado, a gente entrava tão confiante nos jogos, que eu falava ‘cara, não tenho, vou para o Fluminense, vou meter dois no Fluminense e vou para lá’ e foi o que aconteceu. A gente sabia que ia vencer os jogos, o elenco estava muito unido, a gente sabia tudo o que precisávamos fazer em todas as etapas do jogo. Foi uma experiência inesquecível.”

Como é pra um jogador que está jogando em um time de menor investimento, recebendo um salário menor, enfrentar jogadores com salários mais altos? Como era a vida ali da galera do time de 2005? Tinha alguma situação de jogador enfrentando alguma grande dificuldade, tendo que complementar renda com algum outro serviço?

“A gente tinha uma grande estrutura e suporte, o presidente fez de tudo pela gente. Os jogadores que já haviam passado por equipes maiores, como o Túlio (Maravilha) falava para a gente na preleção dos jogos que já esteve do outro lado, e que não havia muita diferença, que eram somente dois ou três atletas que eram diferenciados. A diferença é que o atleta de um clube pequeno tem mais vontade de vencer por querer buscar o melhor para sua família, ter um carro melhor, uma escola melhor para o filho, e ele está sempre disposto a mudar de vida. O jogador que um time pequeno vem com muito gás, muito combustível no tanque querendo mostrar.”

Foto de capa: Divulgação/Nova Iguaçu FC

Reportagem de Mateus Matias e Wilson Maia, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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