“Bugonia” mistura tensão e risadas e entrega uma experiência envolvente

Tenso, imprevisível e atual, “Bugonia” reúne todos os ingredientes do tipo de filme que te deixa pensando por dias depois da sessão. Sob a direção de Yorgos Lanthimos e estrelando Emma Stone, o novo longa-metragem realmente consolida essa parceria como uma das mais poderosas do cinema na atualidade. A produção estreia nos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta-feira (27).

A nova obra é um curioso remake do filme sul-coreano “Save The Green Planet!”, de 2003. Na história, Teddy (Jesse Plemons) é obcecado com a ideia de que o mundo é tomado por alienígenas. Com a intenção de salvar o Planeta Terra, ele sequestra, ao lado do primo Don (Aidan Delbis), a poderosa executiva Michelle (Emma Stone).

A partir desse momento, justamente nasce a graça do filme. Assim, surgem perguntas como: o homem está realmente louco? Até onde vai a loucura? Será que o homem está certo? Será que a executiva é realmente um alien? Em quem podemos confiar, afinal? A história joga em boa parte de seu tempo a decisão nas mãos do espectador que vai tendo uma experiência cada vez mais imersiva ao refletir sobre essas questões.

Diante desse cenário, Lanthimos e o roteirista Will Tracy realizam o filme mais engraçado do cineasta grego até aqui. “Bugonia” brinca com as expectativas do público, alternando momentos de horror psicológico, humor ácido e sátira social em ritmo alucinante. O longa realmente incomoda e diverte na mesma medida, onde claramente Yorgos quer rir daquela parte radical da sociedade que é capaz de crer absolutamente em teorias da conspiração.

Emma Stone brilha novamente e mostra mais uma vez o porquê é uma das atrizes mais consagradas de todos os tempos. Ela entrega uma performance cheia de nuances, oscilando entre frieza e vulnerabilidade ao interpretar uma Michelle que parece esconder algo a cada olhar. A parceria dela com o diretor grego é de uma sintonia tão única que pode render mais uma indicação, ou até mesmo vitória, no Oscar.

Frente a Stone, Jesse Plemons também afirma o seu talento na atuação deste filme. Ele interpreta um Teddy que é capaz de ser ao mesmo tempo patético, perdedor e simples, mas também assustador e trágico. Assim, o personagem por trás dessas características é um espelho que ilustra com perfeição a era da desinformação e paranoia coletiva.

Vale destacar que a trilha sonora é uma marca registrada no decorrer da trama e demonstra o seu real impacto ao acompanhar com maestria toda a tensão envolvida nesta obra. Ela alimenta ainda mais o suspense gerado durante o filme, como se fosse mais um personagem inserido fazendo com que o espectador sinta a mesma pressão mental vivida pelos protagonistas.

Um dos pontos altos do filme também é a direção de fotografia ao longo de toda a produção. A variedade entre o uso de paleta de cores frias e quentes nos diferentes cenários ilustra como as escolhas dialogaram muito bem nesse universo explorado com tanta tensão e imprevisibilidade.

Toda essa combinação de uma trilha sonora praticamente imersiva, uma fotografia quase hipnótica e uma direção precisa tornam o longa uma das experiências cinematográficas mais completas de 2025. Diante disso, não é estranho imaginar que o filme possa marcar presença nas principais premiações do cinema mundial.

“Bugonia”, de fato, é um retrato afiado dos tempos atuais. O enredo explora o medo do desconhecido, o poder da crença e da manipulação, a busca pelo convencimento, além da facilidade em como a verdade pode se distorcer nas telas. Lanthimos relembra como a ficção tem o poder de refletir e expor os piores impulsos de cada pessoa.

Confira o trailer de “Bugonia”:

FICHA TÉCNICA

Título: Bugonia

Direção: Yorgos Lanthimos

Gênero: Ficção Científica, Comédia

Duração: 1 hora e 59 minutos

Classificação: 18 anos

Foto de capa: Divulgação/Universal Pictures

Crítica de Gustavo Pinheiro

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