Internacional

Israel e Hamas concordam com cessar-fogo e iniciam plano de paz para Gaza

Acordo envolve liberação de reféns e retirada militar

Na manhã  da última quinta-feira (9), representantes de Israel e do Hamas se reuniram no Egito para assinar a versão final da primeira fase do acordo, em cerimônia fechada supervisionada por autoridades egípcias e diplomatas norte-americanos. Embora o acordo tenha sido anunciado como assinado, nem Israel nem o Hamas confirmaram formalmente todos os termos publicamente. Esse momento se torna um dos episódios mais significativos desde o início do conflito em 2023.

O comunicado foi inicialmente veiculado na mídia na última quarta-feira (8), quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Israel e o grupo Hamas formalizaram a primeira etapa de um acordo de paz para a Faixa de Gaza, com promessa de liberação de reféns, cessar-fogo e recuo das tropas israelenses. Ele ainda caracterizou o dia como “grande” para o mundo árabe, para Israel e para os EUA, e agradeceu aos mediadores do Catar, Egito e Turquia pelo papel nas negociações.

Segundo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 55.000 pessoas já morreram por conta da guerra desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil) 

Via rede social do Presidente norte-americano, Truth Social, Trump publicou em tom de otimismo:

“Todos os reféns serão libertados ‘em breve’ e Israel retirará suas tropas até uma ‘linha acordada’”, disse o presidente.

O que prevê a “fase 1”

A “fase 1” inclui oficialmente a libertação de todos os reféns mantidos por grupos palestinos em Gaza, embora não tenha sido informada uma data exata para o processo completo. Segundo nova declaração de Trump à imprensa, os reféns devem começar a ser libertados entre segunda e terça-feira da próxima semana, em uma operação supervisionada por forças de paz internacionais.

Israel deve recuar suas tropas para uma linha previamente acordada no território ­gazense, como parte de um cessar-fogo inicial. O plano de paz apresentado por Trump conta com 20 pontos que propõem, além dessas medidas iniciais, troca de prisioneiros, desarmamento de facções e abertura de ajuda humanitária ao território devastado.

Trump anunciou que tentará viajar ao Egito para a assinatura do acordo de cessar-fogo, após ser convidado por seu homólogo Abdel Fatah al-Sisi.
(Foto: Daniel Torok/The White House)

Reações de Israel e do Hamas

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que:

“Todos os reféns voltarão para casa, com a ajuda de Deus”, concluiu o premier israelense, anunciando que convocará o governo para aprovar formalmente o acordo.

Em seguida, o chanceler israelense, Eli Cohen, declarou que:

“A libertação dos reféns representará o início do fim do Hamas”, afirmando que Israel não abrirá mão de garantir que o grupo “não tenha poder militar ou político sobre Gaza” após o cessar-fogo.

O Hamas confirmou o entendimento em nota oficial, afirmando que prevê “retirada das tropas de Israel, troca de prisioneiros e ajuda humanitária”. O movimento exalta os mediadores do Catar, Egito e Turquia e pede que Trump e outros países assegurem que Israel cumpra sua parcela.

Apesar do anúncio, a situação no território palestino segue instável: Israel intensificou bombardeios sobre Gaza nas horas seguintes ao anúncio do acordo, afirmando que as operações visavam “posições estratégicas do Hamas” antes da retirada. O grupo palestino denunciou o episódio como “violação do cessar-fogo iminente”.

Khalil al-Hayya (no centro da imagem), líder do Hamas, disse que mediadores e os Estados Unidos forneceram garantias de que o acordo levará ao fim completo da guerra. (Foto: Reprodução/X)

Limites e desafios à frente

Apesar do anúncio emblemático, há incertezas consideráveis, pois não houve ainda cronograma claro para a execução completa do acordo, especialmente para etapas além da fase inicial. O desarmamento e controle futuro de Gaza continuam entre os pontos mais sensíveis e menos definidos no plano e, por fim, o risco político interno é elevado: Netanyahu precisa assegurar apoio do governo e aprovações legais em Israel para liberar prisioneiros palestinos, algo controverso para parte da opinião pública.

Apesar das tensões locais, o anúncio do cessar-fogo foi recebido com entusiasmo em boa parte do mundo, especialmente por organizações humanitárias e líderes europeus. Países como França, Alemanha e Noruega elogiaram o esforço diplomático e pediram “compromisso real das partes com a paz duradoura”.

Este acordo representa até agora o avanço mais concreto na tentativa de cessar os conflitos intensos que já deixaram milhares de mortes e devastação em Gaza. A sua efetividade dependerá, fundamentalmente, da vontade de todas as partes — e da capacidade de fiscalização internacional.

Foto de capa: Paulo Pinto/Agência Brasil

Reportagem de Raphael Lopes, com edição de texto de Gabriel Ribeiro

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