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“Apanhador de Almas” é cercado de estereótipos e falhas

Filme nacional de terror chegou aos cinemas na última quinta-feira (18)

“Apanhador de Almas” chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (18). Dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. e com elenco completamente feminino, o longa-metragem conta a história de quatro amigas que buscam a casa de uma bruxa experiente para presenciarem um ritual sobrenatural durante um raro eclipse solar pela primeira vez.

Klara Castanho, Jéssica Córes, Angela Dippe, Duda Reis e Priscila Sol estão no elenco de “Apanhador de Almas”.
(Foto: Reprodução/Iron Chest Films)

Assim, conhecemos Emília (Klara Castanho), Mia (Jéssica Córes), Olívia (Duda Reis) e Isabella (Priscila Sol/Larissa Ferrara) que viajam até a casa da veterana Rea (Angela Dippe) para o que deveria ser um momento místico e de aprendizagem para as quatro aspirantes à bruxa. No entanto, uma decisão precipitada durante o ritual de eclipse solar transforma todo esse momento em um conflito enraizado em medos e desconfianças, que separa as amigas e as deixa umas contra as outras.

“Apanhador de Almas” apresenta condições intrigantes para o desenrolar de um longa-metragem, chamando atenção para a construção de seu universo alternativo. Todavia, os óbvios estereótipos que definem as protagonistas tornam suas personalidades desinteressantes e seus relacionamentos rasos.

O longa-metragem deve receber reconhecimento por apostar no protagonismo feminino, escolha que tem se tornado cada vez mais recorrente no gênero terror, como visto no vencedor do Oscar “A Substância”, dirigido por Carolie Fargeat.

Duda Reis e Larissa Ferrara atuam em “Apanhador de Almas”.
(Foto: Reprodução/Iron Chest Films)

Entretanto, este ainda é um filme dirigido por dois homens que, infelizmente, não conseguiram construir nos relacionamentos de suas personagens o sentimento de mocidade que pode ser esperado entre um grupo de amigas que dizem ser tão próximas.

Ao longo da trama, sua narrativa se torna cada vez mais confusa e é difícil entender qual é o objetivo das amigas ao participarem daquele ritual, ou o que levou cada uma delas a escolher o caminho que as levou até este momento. Questões pessoais são mencionadas, mas nunca aprofundadas, o que pode dificultar o processo de identificação do público com as personagens. Essas particulariedades do filme deixam a sensação de que o potencial da história foi desperdiçado.

Em resumo, “Apanhador de Almas” tem boas ideias do início ao fim, seus efeitos especiais e fotografia são escolhas interessantes e a cena do terror nacional deve ser apreciada, assim como o desempenho de todo o elenco deve ser elogiado, porém esses aspectos – e até a grande revelação que os aguarda no final – são ofuscados pelas falhas na execução de produção.

Título: Apanhador de Almas

Direção: Fernando Alonso e Nelson Botter Jr.

Gênero: Terror

Classificação: 14 anos

Foto de capa: Reprodução/Iron Chest Films

Crítica de Nathália Messias, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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