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“Dias Perfeitos”: suspense do Globoplay expõe obsessão e violência psicológica

Trama adapta o romance de Raphael Montes em suspense angustiante

Protagonizada por Jaffar Bambirra (Téo) e Julia Dalavia (Clarice), “Dias Perfeitos”, nova produção do Globoplay, acompanha a trajetória de um jovem estudante de medicina introspectivo e socialmente deslocado que desenvolve uma obsessão silenciosa após um selinho em uma festa. Ao perceber que não será correspondido, Téo decide tomar o controle da situação e da vida de Clarice à força.

A trama se desenrola a partir desse ato violento. Clarice é sequestrada e levada por Téo em uma espécie de “viagem perfeita”, na qual ele cria a ilusão de um relacionamento ideal. O diferencial da série está na forma de narrar a história: os primeiros episódios são contados pela ótica de Téo, enquanto os seguintes revelam a mesma sequência de acontecimentos sob a perspectiva de Clarice, expondo camadas ocultas de dor, resistência e manipulação.

Téo mantém Clarice em cárcere privado após sequestra-lá. (Foto: Reprodução/Globoplay)

Ao longo da narrativa são reveladas outras perturbações de Téo, como a amizade que ele cria com um cadáver apelidado de forma carinhosa de “Gertrudes”. Em certo momento, uma colega de classe sugere uma brincadeira com Gertrudes que acaba provocando uma reação inesperada de Téo. A trama avança expondo novas atrocidades cometidas pelo personagem.

Além do suspense, a série propõe um debate atual sobre masculinidade tóxica, idealização romântica e liberdade feminina. Clarice surge como uma personagem complexa e forte, mas colocada em situação de extrema vulnerabilidade. Mostrar como ela encontra formas de reagir, mesmo em silêncio, é parte do impacto da narrativa. A diretora Joana Jabace e a roteirista Claudia Jouvin apostam em uma abordagem intimista e visualmente tensa.

“Não queríamos apenas contar uma história de crime, mas mostrar como o controle pode ser sutil, psicológico, cotidiano e como a violência nem sempre se manifesta em gritos”, afirmou Claudia Jouvin em entrevista ao Gshow.

A trama conta a perspectiva de ambos personagens.(Foto: Reprodução/Globoplay)

Um dos pontos mais marcantes da série é o uso do silêncio como recurso narrativo. Ele não aparece apenas como ausência de som, mas como um espaço de reflexão, resistência e força. Em várias cenas, o público é convidado a sentir, mais do que ouvir, o que se passa na mente de Clarice.

A protagonista é submetida a uma série de abusos psicológicos e físicos. A obsessão de Téo chega a extremos, levando-o a cometer crimes terríveis, como o assassinato da própria mãe, que era paraplégica desde um acidente de carro sofrido pela família quando ele ainda era criança.

“Dias Perfeitos” é mais do que uma série sobre traição, vingança e segredos sombrios. É uma narrativa que explora os limites da moralidade e da fragilidade humana. Com personagens complexos e situações extremas, a produção do Globoplay prende a atenção do espectador do início ao fim, provocando reflexões sobre escolhas, poder e consequências.

Confira o trailer da nova produção dos estúdios Globo.

Foto de capa: Reprodução/Globoplay

Reportagem de Letícia Rodrigues, com edição de texto de João Gabriel Lopes

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