Thiago Ávila foi parar nas capas dos jornais na madrugada do dia 9 de junho (segunda-feira), quando o barco Madeleine, da Coalizão Flotilha da Liberdade, foi interceptado pelo exército israelense enquanto tentava chegar na Faixa de Gaza com ajuda humanitária. Dentre os 12 ativistas a bordo, estava o brasileiro de 38 anos, que há anos organiza e participa de missões humanitárias ao redor do mundo.
Pouco tempo após a interceptação, começaram a circular vídeos de todos os participantes da missão em seus respectivos idiomas. Os 12 ativistas que estavam a bordo compartilharam a mesma mensagem: “Se você está assistindo esse vídeo, significa que fui detido ou sequestrado por Israel ou forças de apoio ao país. Nesse caso, eu faço um apelo urgente para que você pressione o meu governo e aliados para que ajam imediatamente pela nossa libertação.”
Thiago de Ávila e Silva Oliveira é um ativista humanitário de Brasília. Nascido em 26 de agosto de 1986, Ávila é casado com Lara Souza, também ativista, com quem tem uma filha.
Formado em Comunicação Social, Thiago Ávila esteve envolvido em projetos sociais e humanitários. Ele chegou a participar de duas candidaturas coletivas pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-DF), no Distrito Federal, em 2018 e 2022, mas não foi eleito.
Detenção e volta ao Brasil
Na terça-feira (10), o Itamaraty confirmou que Ávila estava num centro de detenção em Israel após ter se recusado a assinar documentos de deportação. Até então, apenas quatro deles, incluindo a sueca Greta Thunberg, haviam assinado tais documentos.
Os advogados que fizeram a defesa do ativista brasileiro em Israel informaram que Thiago foi colocado em isolamento na prisão de Ayalon após o início da sua greve de fome na noite do dia 10 de junho (terça-feira), no horário de Brasília.
“Thiago Ávila foi colocado em isolamento na prisão de Ayalon por causa de sua greve de fome e sede, que começou há dois dias. Ele também tem sido tratado agressivamente pelas autoridades prisionais, apesar de que não tenha escalado para uma agressão física”, diz informe da coalizão que tentou furar o bloqueio de Israel contra Gaza

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Na última sexta-feira (13), o ativista desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e foi recebido por um grupo de militantes pró-Palestina com cartazes com mensagens de apoio ao país e bandeiras.
No saguão do terminal, Thiago explicou que ainda vestia o uniforme que lhe entregaram ao ser encaminhado para a cela solitária, onde ficou por dois dias. Ele descreveu como “extremamente solícita” a representação diplomática que o auxiliou no momento da detenção.
Aos jornalistas, ressaltou que sua cela ficava em uma masmorra que aparentava ser muito antiga, mas que ele sabia que tinha apenas cerca de 80 anos. Ainda segundo ele, a investida contra os tripulantes da flotilha não foi mais intensa por causa da presença da eurodeputada Rima Hassan, francesa de origem palestina.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) publicou nota em que classifica a interceptação do navio Madeleine, da Flotilha da Liberdade, por Israel como um crime de guerra e pede ao governo brasileiro a suspensão das relações diplomáticas e comerciais com Tel Aviv.
O governo israelense divulgou fotos de Thiago Ávila e Greta Thunberg chamando o barco dos ativistas como “Iate Selfie”, acrescentando que a pequena quantidade de alimentos será enviada à Gaza por “canais humanitários reais”.
“Mais de 1.200 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza vindos de Israel nas últimas duas semanas, e cerca de 11 milhões de refeições foram transferidas pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG) diretamente para civis em Gaza. Há maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza – elas não envolvem provocações e selfies”, comentou o Ministério das Relações Exteriores de Israel, em uma rede social.
Foto de capa: Freedom Flotilha/Instagram
Reportagem de Nathália Messias, com edição de texto de Gabriel Ribeiro
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