Na última terça-feira (13), o governo dos Estados Unidos realizou, pela segunda vez, um corte no financiamento estatal oferecido a Harvard, uma das universidades de maior prestígio do mundo. A motivação foi o fato de a instituição ainda não ter atendido às demandas que o presidente Donald Trump estabeleceu em abril.
No mês passado, o governo Trump fez o primeiro corte, de significativos US$ 2,2 bilhões, após a reação negativa da instituição às novas propostas administrativas do presidente. As condições propostas são baseadas em uma tentativa de combate ao antissemitismo e na intenção de Trump mudar a ordem atual das universidades americanas.
A Universidade de Harvard é uma das mais antigas dos Estados Unidos e se mantém firme em seu posicionamento. Apesar de se mostrar aberta ao diálogo para discutir os pontos de equilíbrio entre a liberdade de expressão e a luta contra o antissemitismo, a universidade não pretende acatar as demandas do governo, pois estas são vistas como uma restrição à liberdade acadêmica e expõem uma crise de interferência política e ideológica nas academias estadunidenses.
“Nenhum governo – independentemente do partido no poder – deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, ou quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, reagiu o presidente da instituição, Alan Garber.
A lista de exigências enviadas a Harvard inclui: o comprometimento com a denúncia de estudantes estrangeiros que possam ser considerados “hostis aos valores americanos”, punições mais severas a manifestações no campus, fim das políticas de diversidade, igualdade e inclusão, justificação da contratação de profissionais e da admissão de alunos e proibição do processo seletivo que considere critérios de diversidade.
A Universidade de Columbia — outra instituição acusada de antissemitismo — também foi submetida a um corte de US$ 400 milhões em março, devido às manifestações pró-Palestina no campus, que moldaram uma percepção de coparticipação e tolerância ao antissemitismo. A faculdade, por outro lado, terminou por aceitar as demandas, pressionada pela condição de restituição do financiamento, que ainda não ocorreu.
O governo Trump visa uma nova mudança nas universidades americanas. Segundo parlamentares republicanos, as instituições de ensino têm se transformado em centros de propagação de ideias liberais e de tolerância ao antissemitismo. Por isso, o atual governo tem tentado remodelar universidades de elite, usando a retenção dos fundos federais voltados principalmente para pesquisa como forma de chantagem.
Apesar de ser a universidade mais rica do mundo, Harvard ainda conta com o investimento do governo, que se aproxima de US$ 9 bilhões anuais, para avançar com suas pesquisas médicas e científicas.
Autoridades e juristas consideram as demandas do governo como um abuso de autoridade legal. Além disso, a universidade já atua com medidas de combate ao antissemitismo desde o ano passado, e um processo judicial está em andamento com acusações de tentativa de controle da gestão acadêmica e de ilegalidades na decisão de congelar as verbas.
Foto de capa: Reprodução/X(@quarentenaglob)
Reportagem de Maria Eduarda Vianna Nogueira, com edição de texto de Gabriel Ribeiro
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