Comportamento Crônica

Presenciar a história acontecer foi totalmente emocionante

Na crônica, a repórter Nathalia Bittencourt relembra o marcante dia em que participou da pré-estreia de "Ainda Estou Aqui"

Bem, se você está lendo tudo isso deu tudo certo, viva o cinema brasileiro! Mas vamos começar do início, na verdade do capítulo onde esse filme nasce, que é quando ele estreia, pois o filme mesmo teve um processo de 7 anos de produção. E sim dá para ver em cada detalhe, o cuidado que toda a equipe teve ao adaptar essa história. Não à toa o filme já chegou fazendo barulho por onde passou, em Veneza foi ovacionado por 10 minutos. Agora era a vez de estrear em casa, ser visto por aqueles que conhecem bem a história ou as marcas que elas deixaram no nosso país. E eu estava lá, na pré-estreia do Festival do Rio, 21 de outubro de 2024.

Essa noite teve um quê de mágica, muito se falava desse filme ser nomeado para o Oscar. A última vez que isso aconteceu foi em 98, com aquele mesmo diretor, dessa vez a protagonista era filha, mas ela estava lá fazendo sua participação (mais que) especial. A noite em que celebrava o cinema, também comemorava os 95 anos de uma das maiores atrizes brasileiras, Fernanda Montenegro, que estava escrevendo mais um capítulo da história ao lado da sua filha, Fernanda Torres, e do diretor Walter Salles. 

Aquela sessão especial para equipe e convidados, transpirava cinema. Não podia ser diferente, os personagens da noite foram responsáveis por permitir todos aqueles amantes de cinema a acreditar no impossível, que um filme de língua portuguesa chegasse tão longe, na maior premiação do mundo. Foi graças a dona Fernanda, que a atriz que fui podia sonhar alto, ela sempre foi uma inspiração para mim e para muitos. Ela é um retrato do cinema, não podemos desassociá-la e não lembrar da sua nomeação à 27 anos atrás. 

Credenciada para cobrir o tapete vermelho da pré-estreia do filme no Festival do Rio (Foto: Arquivo Pessoal/Nathalia Bittencourt)

Comemorar o cinema e os seus 95 anos foi uma honra que jamais poderia ter imaginado, uma grande realização para todos os meus eus: a jornalista que estava cobrindo o evento, a atriz que é sua fã, a criança que cresceu te assistindo. Me tremi dos pés a cabeça ao te ver passar por mim. Me emocionei com as palavras de quem tanto admira essa arte, que valoriza todos que estavam do lado. Isso só mostra a sua grandiosidade, eu sempre aprendi com você a valorizar a sétima arte e principalmente quando ela é feita no nosso país. Nós agradecemos, dona Fernanda!

Dentro de toda a sua generosidade, compreendendo todo o seu tamanho e também o do projeto, deixou sua filha brilhar, e ela brilhou demais nesse filme, mostrando que talento é de família e passa de geração e que continuamos bem representados. 

Assim o filme foi eleito para representar o nosso país por uma vaga no Oscar, e se você está lendo, chegamos lá. Com uma história que retrata um momento sombrio do Brasil, que não pode ser esquecido, o filme vem para relembrar esse momento de dor e com toda a sensibilidade podemos sentir e nos emocionar. 

Agora, quem fala sou eu do futuro, para dizer que sim, eu vi a história sendo feita. Aquela noite era especial, os personagens dela ainda não sabiam o quão longe iam chegar, talvez nem esperassem. Mas de alguma forma eu tinha certeza, então nem é uma novidade dizer que sim, agora o Brasil tem uma estatueta para chamar de nossa. E mais, toda a campanha foi histórica, fomos nomeados em 3 categorias. Sim, Torres conseguiu sua nomeação em “Melhor Atriz” e chegamos entre os melhores filmes do ano, e não digo só de internacional.

Quando ouvi “and the Oscars goes to… I’m Still Here, Brazil” eu gritei e berrei, foi o clima de copa do mundo. O carnaval parou para viver esse momento. Foi lindo e de arrepiar ver o brasileiro tendo orgulho e vibrando com a nossa cultura, que isso seja mais recorrente no nosso país. Cada vez mais pessoas apoiem os nossos e se permitam a vivenciar todos os sentimentos que a arte permitir. Viva o Brasil!

Foto de capa: Arquivo Pessoal/Nathalia Bittencourt

Crônica de Nathalia Bittencourt, com edição de texto de Gabriel Ribeiro

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