A altinha é um esporte praticado em grupo que consiste em manter uma bola no ar sem deixá-la cair no chão usando qualquer parte do corpo, com a exceção dos braços e mãos. O esporte surgiu nas areias das praias do Rio de Janeiro, na década de 1960, e rapidamente virou sensação. Hoje em dia, é possível ver inúmeros praticantes desse esporte em qualquer praia carioca independente do horário.
Nos últimos anos, uma nova versão da altinha vem ganhando popularidade: a altinha street. Como o nome sugere, essa versão do esporte é praticada longe das praias. Ao invés disso, ela se encontra nas ruas, calçadas, quadras ou em qualquer outro espaço aberto com a ideia sendo a mesma: manter a bola no alto.
No Rio de Janeiro, o galpão ao lado do Estádio Nilton Santos, popularmente conhecido como Galpão do Engenhão, se tornou um dos principais palcos de altinha street na cidade e reúne diariamente diversas ‘rodas’ de altinha.
Isa Vital, de 18 anos, atleta e frequentadora do Galpão, conta como conheceu o espaço mais popular da cidade para os praticantes da altinha street.
“Eu conheci o Galpão do Engenhão através do pessoal da praia. Depois de passar a tarde na praia muita gente vai para lá jogar à noite. A primeira vez que eu fui, fiquei impressionada com a quantidade de gente jogando, a quantidade de rodinhas me assustou. O dia mais forte do Galpão é a segunda-feira, 18h começa a encher e 21h já está praticamente impossível de jogar de tanta gente”, relata a jogadora.
Quem pratica altinha street também costuma se dar bem com o esporte na praia. É comum que atletas do street pratiquem a altinha na areia e até mesmo marquem presença no futevôlei, já que o princípio básico do esporte é o mesmo. Isa, por exemplo, joga as duas versões da alta e conta o que acha de diferente entre um e outro.
“É bem parecido, só que os praticantes do street fazem mais ‘tricks’, já que o chão proporciona isso, diferentemente da areia. É um jogo mais demorado por conta dessas ‘tricks’. Já na praia, acontecem mais saltos, no street até tem algumas pessoas que saltam, mas isso é mais da altinha na praia, por ser mais fácil de cair na areia”, explica a atleta.
O termo ‘tricks’ faz parte do vocabulário dos praticantes, palavra que traduzida significa ‘truque’. De uma forma reduzida, pode-se dizer que ‘tricks’ são as manobras feitas com a bola antes de passá-la para outro na roda. Basicamente, são movimentos criativos que demonstram a habilidade e o refino técnico dos atletas.
O crescimento da Altinha
Com o crescimento do esporte, surgiram diversos times, organizações, grupos e projetos de altinha. Um deles é o projeto Alta Delas, feito por mulheres com a finalidade de apoiar e incentivar a presença feminina na altinha. O Alta Delas promove campeonatos, rodas e encontros com a intenção de valorizar as mulheres praticantes. Toda segunda-feira, o projeto se reúne no Galpão do Engenhão e mobiliza dezenas de meninas.
Luiza Oliveira, é atleta e CEO do Alta Delas, e conta como o projeto surgiu em 2023.
“O projeto Alta Delas foi criado por seis amigas. Nós tivemos a ideia e falamos ‘Bora? Bora!’ e através dele a gente tem conquistado muita coisa importante. Nós reunimos muitas meninas e acho isso valioso demais. A altinha hoje tem um papel muito importante na minha vida por conta desse projeto”, declara a CEO do Alta Delas.
Altinha nas Olímpiadas
Recentemente, diversos esportes foram incluídos nos Jogos Olímpicos, como o skate, surf e breakdance. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), a ideia é atrair um público mais jovem para a competição e refletir a tendência de urbanização do esporte. E exatamente por esses motivos, o lobby para a altinha se tornar esporte olímpico tem ganhado força.
Leandro Falcão, CEO e professor de altinha no Espaço Alta Experience, é praticante da modalidade e sonha com a possibilidade do esporte chegar nas Olímpiadas.
“Eu espero muito que a altinha vire esporte olímpico. O crescimento desse esporte é absurdo, tanto da prática profissional assim como hobby. É um esporte que já se faz presente em todo o Brasil e grande parte do mundo. A tendência é só crescer, pois ele é inclusivo, divertido e colaborativo. O momento ainda é de profissionalização, tem muito o que avançar no quesito organizações, federações e confederações. Acho que ainda leva um tempo, mas um dia veremos a altinha nas Olimpíadas”, declarou o professor.
As regras na Altinha
Diferente de outros esportes como futebol, basquete e vôlei, que nasceram com os critérios objetivos como gol, cestas ou pontos, a altinha é daqueles esportes com fundamentos que podem ser subjetivos e para isso existem os jurados.
Cláudio Borges, é atleta desde 1997 e foi um dos criadores das regras da altinha. Atualmente, ele participa como júri em campeonatos de street, e comentou sobre o surgimento das competições.
“Com a evolução do esporte, todos queriam jogar campeonatos. Eu e outras pessoas decidimos nos reunir para definir os critérios que seriam avaliados em uma competição de altinha”, conta o jurado.
Os esportes que dependem da avaliação de jurados para determinar um vencedor enfrentam uma série de desafios. Hoje existem diversos campeonatos de altinha e as avaliações dos juízes precisam seguir alguns critérios.
“O primeiro critério é controle de bola. Cada vez que a bola cai no chão, uma pontuação é descontada. O segundo critério é intensidade, que é para forçar a ousadia dos atletas, com cortes e bolas difíceis. O terceiro critério é harmonia. É importante que todos do time participem de forma harmoniosa. O último critério é criatividade, que avalia as ‘tricks’. No final disso, a nota de cada critério é somada e dividida por quatro para chegar na nota final.”, declara Cláudio Borges.
Reportagem realizada por Wilson Maia para a disciplina de Jornalismo Esportivo, ministrada pela professora Mônica Nunes Neustadt.
LEIA TAMBÉM: Volta Redonda de volta: clube do RJ retorna à Série B do Brasileirão após 26 anos
LEIA TAMBÉM: Veja como os jogos de futebol em elevadas altitudes causam efeitos negativos

Pingback: Finalista! O Botafogo vai em busca da Glória Eterna | Agência UVA
Pingback: Torcedores do Botafogo falam sobre fase mágica do clube | Agência UVA