Depois de 26 anos, o time profissional de futebol masculino do Volta Redonda disputará o Brasileirão – Série B novamente. O clube do interior do estado do Rio de Janeiro (RJ) vinha de boas campanhas e no último sábado (19), venceu o Athletic-MG por 2 a 0 se sagrando campeão da Série C. O clube fluminense já tinha vencido o primeiro jogo da final por 1 a 0, portanto o placar agregado terminou em 3 a 0. Com isso, o Voltaço conseguiu o tão sonhado acesso, coroado ainda com o título da terceira divisão nacional.
A trajetória do Volta Redonda na competição foi marcada pela emoção. O clube começou bem o torneio, mas caiu de produção e viveu um momento de instabilidade, chegando em baixa nas fases decisivas. Mesmo assim, o time comandado por Rogerio Corrêa mostrou sua força e conseguiu chegar ao título.
Em entrevista, Vitor Fortes, auxiliar técnico do Voltaço comentou sobre a sensação de conquistar o acesso para a Série B. Ele, que chegou na equipe com a cores amarela, preta e branca ainda em 2018, viveu diferentes momentos dentro do clube e comentou sobre o empenho ter sido o diferencial em 2024.
“É uma sensação única e fruto de muito trabalho. Batemos na trave no ano passado, mas felizmente conseguimos esse ano. Acredito que o diferencial foi o trabalho. Estávamos todos empenhados em um único objetivo, que era o acesso”, disse o membro da comissão técnica da equipe.
O RJ tem quatro clubes considerados grandes dos quais são Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco por conta de sua expressão no cenário nacional e continental além dos níveis de investimento. Ao longo dos anos, a disputa pelo lugar de “quinta força” do estado ficou em aberto. Equipes tradicionais como Bangu e América se enfraqueceram com o passar do tempo.
Porém, o Volta Redonda emergiu como um postulante a ser reconhecido como a esta força recentemente. Nos últimos anos, o Esquadrão de Aço fez boas campanhas no estadual e em 2023 disputou a semifinal do Campeonato Carioca além da terceira fase da Copa do Brasil, eliminando inclusive o Atlético Goianiense, time de expressão no cenário nacional.
Os jogadores que fizeram parte da campanha desse ano marcaram o nome na história do clube, que carrega o nome de uma das principais cidades do sul do estado e tem uma ligação forte com a população do município. Volta Redonda tem aproximadamente 260 mil habitantes e a torcida está praticamente toda na cidade.
Juninho é lateral do Voltaço, chegou ao clube em 2024 e participou de toda a campanha na Série C, disputando 17 jogos. O jogador também comentou sobre o significado e a importância dessa conquista tanto para ele, quanto ao clube e à cidade.
“Essa realização significa muito. O Volta Redonda abriu as portas para mim e a minha família, que está sempre vindo aqui nessa cidade que foi muito acolhedora. Então conseguir proporcionar esse acesso não só para o clube, mas para a cidade, significa muito e é algo que eu vou guardar para sempre. O clube estava há tanto tempo lutando por esse acesso e ver todo mundo feliz com essa conquista foi muito especial. É um momento que vai ficar marcado na minha vida. Sempre serei muito grato ao clube e à cidade”, declarou o atleta.
O time tricolor fez grandes partidas durante toda a campanha que certamente estarão na memória dos torcedores por muitos anos. O clube conseguiu o feito de ser campeão vencendo os dois jogos da final, contra o time do Athletic-MG, que antes da decisão era apontado por muitos como o favorito. Além disso, foram muitas vitórias épicas ao longo da competição, como a estreia vencendo o tradicional Remo fora de casa e o triunfo em cima do Figueirense, mesmo jogando grande parte da partida com um jogador a menos. Para Juninho, o duelo que encaminhou o acesso foi o mais marcante em toda a trajetória.
“Na partida contra o Botafogo-PB foi o jogo mais marcante, porque começamos perdendo e bateu aquele nervosismo. Conseguimos voltar, empatamos a partida e aos 90 minutos nós viramos. Não subimos matematicamente naquele dia, mas quando o jogo acabou, a gente já sentiu que o acesso era nosso”, comenta o lateral da equipe.
O atleta ainda contou sobre as diferentes reações tanto dele quanto de outras pessoas após aquele dia.
“Foi muita festa. A torcida invadiu o campo. Vi muita gente se abraçando e chorando. Até hoje é difícil de a ficha cair. Confesso que ainda não caiu. Conseguir o acesso com uma equipe de menor investimento e de uma cidade pequena foi um momento muito especial”, acrescenta o jogador de futebol.
O Voltaço decidiu o segundo jogo da final fora de casa, em Minas Gerais, e foi campeão longe de sua torcida. Na primeira partida da decisão, o Estádio Raulino de Oliveira recebeu 7 840 torcedores. Inclusive, a presença de público foi discreta no início da competição, mas com o andamento do campeonato a torcida passou a frequentar mais. Contra o Botafogo-PB, por exemplo, 4.836 torcedores marcaram presença na casa do Voltaço naquele que seria o jogo que encaminhou o acesso a segunda divisão nacional.
Por falar em torcedores, muitos verão o Volta Redonda na Série B pela primeira vez, já que a última vez que o clube disputou foi em 1998. É o caso de Cauã Carvalho, de 18 anos. Para ele que acompanha o atual campeão da Série C desde a infância, o time do interior enfrentará um grande desafio em 2025 ao disputar contra times com maiores investimentos.
“Honestamente, eu acredito que o Volta Redonda tem potencial para ficar na metade da tabela para baixo. Mas, devido a realidade financeira do clube creio que talvez a gente dispute contra o rebaixamento. O Voltaço tem a política de não gastar o dinheiro que não tem, o foco é sempre estar com as contas em dia. Ao que tudo indica, a verba terá um aumento considerável para a Série B e é por isso que eu creio na permanência.”, analisa o torcedor.
No Brasileirão Série B, 20 times se enfrentam durante dois turnos que totalizam 38 rodadas no formato de pontos corridos. Todos os quatro melhores posicionados na tabela ganham o acesso à próxima edição da Série A, ou seja, a primeira divisão nacional. Já, os quatro piores colocados ficam na zona de rebaixamento para a Série C. As demais equipes permanecem na Série B do ano seguinte.
Foto de capa: Breno Babu/CBF
Reportagem de Gabriel Ferreira e Wilson Maia, com edição de texto de Gustavo Pinheiro
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