Na madrugada deste domingo (6), um carro espalhou material de propaganda, os famosos santinhos, por ruas do bairro Trindade, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Os panfletos foram jogados próximo a uma escola e indicavam os números e nomes do candidato a vereador Diney Martins (PODE) e do atual prefeito, que é candidato à reeleição, Capitão Nelson (PL). A prática é considerada crime eleitoral.
Por volta de 02:00 da madrugada deste domingo (6), que acontece o primeiro turno das eleições municipais de 2024, um carro foi flagrado por uma fonte, que preferiu não ser identificada, jogando material de campanha de candidatos a vereador e prefeito que tentam a reeleição na cidade de São Gonçalo. O caso aconteceu na Avenida Trindade, no bairro Trindade.
“Estava voltando do trabalho quando um carro passou jogando panfletos pela janela. A cada um metro eles jogavam um bolo de panfletos. Cheguei a gritar “vai sujar a rua” e eles responderam “é para sujar mesmo””, contou a fonte.
O carro estava cheio de pessoas e um deles chegou a gritar, “vota em mim”, indicando que provavelmente um dos candidatos que estampava o panfleto estava participando da ação. Os papéis que sujaram a rua indicavam que o eleitor deveria votar no candidato Diney Martins (PODE) para vereador e em Capitão Nelson (PL) para prefeito.


PL e PODE formam, juntos com outros nove partidos, a coligação “SÃO GONÇALO NO CAMINHO CERTO”, na cidade. Diney Martins (PODE) foi eleito vereador pela primeira vez em 2012 e permanece no cargo até hoje, já tendo ocupado o cargo máximo do poder legislativo da cidade, o de Presidente da Câmara Municipal. Capitão Nelson (PL) já foi vereador da cidade e em 2020 foi eleito prefeito pela primeira vez, estando em busca da reeleição.
Segundo a Lei das Eleições, a prática de espalhar santinhos e material de divulgação impressos pelas ruas na véspera e no dia da votação é crime eleitoral. A ação pode provocar punições para os candidatos, com pena de seis meses a um ano, podendo também acontecer a condenação a prestação de serviços comunitários pelo mesmo período e multa. A situação também pode configurar propaganda irregular e levar ao pagamento de multa, de dois a oito mil reais.



A intenção de jogar santinhos nas ruas na véspera e no dia da eleição é convencer o eleitor indeciso. A prática, no entanto, tem deixado a população cada vez mais indignada e parece não convencer muitas pessoas. Mesmo que os postulantes não participem diretamente da ação, eles podem responder judicialmente, já que todo material possui os dados oficiais da campanha.
“Essa atitude fala mais contra o candidato do que a favor. Existem outros métodos muito mais eficientes. A pessoa vai às ruas e posa de político do ano e depois que tudo acaba as ruas ficam sujas, às vezes a gente não consegue ver o chão, de tanto papel”, concluiu a fonte.
A reportagem procurou os candidatos Diney Martins e Capitão Nelson e o partido Podemos. Até o momento, nenhum deles se posicionou. Em suas contas do Instagram, as últimas postagens oficiais mostram os candidatos pedindo votos na reta final da eleição.
Sujeira em todos os lugares
Nas redes sociais, eleitores de diferentes estados reagiram à ação das campanhas que espalham santinhos pelas cidades. “A gente acabou de passar pela maior enchente da história e os próprios candidatos a prefeito são os primeiros a sujarem as ruas”, reagiu um usuário do Bluesky. Outro se espantou com a agilidade da atividade, “eu cheguei em casa do trabalho meia noite e as ruas estavam limpas, hoje, às seis da manhã estava esse inferno de papel”.
Repórteres da Agência UVA flagraram diversas zonas eleitorais com muito material de propaganda espalhados pelas ruas e calçadas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Os registros são de Bento Ribeiro, Largo da Segunda-feira – Tijuca, Tijuca Tênis Clube – Tijuca e Vilar dos Teles – São João de Meriti.









As fotos são de Daniela Oliveira, Pedro Turteltaub, Nathalia Bittencourt e Mateus Matias, repórteres da Agência UVA.
Foto de Capa: Daniela Oliveira/Agência UVA
Reportagem de Gabriel Ribeiro
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