Esporte

Mesmo com medalhas para o Brasil, judô deixa Paris com fama de ser um esporte chato

Modalidade que deu primeira medalha de ouro ao Brasil em Paris 2024 teve excesso de punição para atletas

Maneira mais tradicional de finalizar uma luta no judô, o ippon, deu lugar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 ao shido, termo que equivale a uma penalização ao atleta por condutas indevidas. Porém, em um esporte bastante interpretativo, o critério utilizado por juízes nesta edição foi amplamente criticado por atletas e espectadores do evento na capital francesa.

Utilizado pelos árbitros quando há falta de combate ou a realização de uma manobra irregular, o shido é uma punição leve aos lutadores, entretanto, ao ser punido três vezes, o judoca será desclassificado da competição da luta, que será encerrada. Apesar da regra existir desde a primeira realização da modalidade nos Jogos Olímpicos, a crítica cai sobre a interpretação de juízes, que se tornou mais rígida e criteriosa sobre condutas após as Olimpíadas de Tóquio.

Além de contestação sobre as interpretações, a atual edição olímpica teve um caso curioso na disputa pelo bronze da categoria peso médio, que envolvia o brasileiro Rafael Macedo. O judoca recebeu três punições na luta contra o francês Maxine-Gael Ngayap e teve sua desclassificação decretada, todavia, o lutador brasileiro e seu treinador descobriram que o shido foi dado por motivo indeterminado e questionaram os juízes, ainda que o resultado não pudesse ser modificado.

Rafael Macedo após perda do bronze na categoria peso médio.
(Foto: Reprodução/COB)

Outra forma de punição desaprovada por atletas e espectadores foi a rigidez sobre o ato de mergulhar a cabeça no tatame, que puniu com um hansoku-make, expulsão imediata da luta, a brasileira Rafaela Silva na decisão do bronze pela categoria peso-leve. No mesmo dia da derrota de Rafaela, a atleta da Mongólia, L. Enkhriilen, foi punida pela mesma regra, existente desde 2022 e que chegou a ser criticada por vários judocas na época, incluindo a carioca.

Movimento de mergulhar a cabeça no tatame fez Rafaela Silva ser desclassificada.
(Foto: Reprodução/COB)

Em resposta às críticas, a Federação Internacional se defendeu por intermédio do dirigente Vladmir Barta, que relatou que as mudanças nas regras e nas punições foram um pedido das confederações nacionais e que elas fazem parte da modernidade do esporte, sem dar indício de que haverá volta, mesmo com a insatisfação de lutadores.

Esporte admirado e inserido na cultura de tantos brasileiros, o judô deixa as Olímpiadas de 2024 sendo chamado de “chato”, “sonolento” e que “perdeu sua identidade”. Cabe saber se para os próximos anos e eventos, atletas e telespectadores terão que se acostumar com as novas regras ou se a Federação voltará atrás. Ainda assim, o carinho nacional pelo esporte permanece, pois a primeira medalha de ouro do Brasil veio por Beatriz Souza, na categoria acima de 78kg, com a treinadora Sarah Menezes, única brasileira a ganhar ouro como judoca e treinadora, além da medalha de bronze por equipes, que premiou Rafael e Rafaela.

Foto de capa: Miriam Jeske/COB

Reportagem de Rafael Lisboa, com edição de texto de Gustavo Pinheiro

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