Seis agremiações deram início aos desfiles do Carnaval 2024 da Sapucaí neste domingo (11). Com enredos que passearam desde o nordeste brasileiro até Portugal, Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense levantaram as cerca de 100 mil pessoas nas arquibancadas.
PORTO DA PEDRA
A Escola retornou ao Grupo Especial após 12 anos, mas sua passagem pela avenida foi marcada por contratempos. O último carro enfrentou dificuldades durante sua entrada, chegando a colidir com uma grade de proteção. O enredo escolhido girava em torno da influência do livro “Lunário Perpétuo” na cultura do Nordeste. O primeiro carro da Escola, uma estrutura imponente de 22 metros, apresentava uma escultura de um tigre gigante. A comissão de frente, por sua vez, surpreendeu com a presença de hologramas e uma bailarina suspensa pelos cabelos.

BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS
Segunda agremiação da noite, a Beija-Flor, pela primeira vez sob a batuta do carnavalesco João Vitor Araújo, apresentou um desfile em homenagem a Maceió e Rás Gonguila, fundador do histórico bloco Cavaleiro dos Montes, conhecido por sua resistência durante décadas. A Escola coordenou as luzes cenográficas do Sambódromo, inovação para este ano, para piscarem em harmonia com o ritmo do samba. Em alguns momentos, foram identificados buracos em alguns setores da avenida, prejudicando sua evolução. Apesar disso, como de costume da azul e branco da Baixada Fluminense, o desfile passou pela Sapucaí com seus integrantes demonstrando a força de sua comunidade.

ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
A terceira Escola a desfilar pela Marquês de Sapucaí apresentou o enredo “Hutukara” e trouxe os Yanomami para o centro das atenções. A agremiação da zona norte do Rio compartilhou a história dos habitantes da maior Terra Indígena do Brasil em um manifesto que defende os povos Yanomami e a preservação da Amazônia. Com alegorias plásticas e bem acabadas, o Salgueiro emocionou ao trazer líderes indígenas para a avenida, enquanto sua comissão de frente encenava o impacto do garimpo e os massacres contra os povos originários, provocando emoção e reflexão. Ponto alto do desfile, seu samba-enredo levantou o público, especialmente nos primeiros setores da avenida.

GRANDE RIO
A temática indígena marcou presença também no desfile da Grande Rio. O enredo “Nosso destino é ser onça” destacou a importância do felino na mitologia tupinambá, sendo considerado poderoso e um símbolo divino. A Escola explorou as diversas representações do animal na cultura brasileira. Plasticamente, um ótimo desempenho, com destaques para suas alegorias e fantasias. Tanto o samba-enredo quanto a bateria de Mestre Fafa brilharam e empolgaram a avenida. Os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad souberam usar com maestria as iluminações cenográficas que estrearam na Sapucaí este ano, além disso, pulseiras de led, entregues ao público na entrada do Sambódromo, contribuíram para o show de luzes, especialmente nos refrões do samba. Com o destaque na noite, a agremiação de Duque de Caxias se coloca entre as favoritas ao título.

UNIDOS DA TIJUCA
Penúltima a se apresentar, a Escola optou por explorar as fábulas de Portugal com o enredo “Contos de Fados”. A agremiação, que conquistou o título do Carnaval carioca pela última vez em 2014, trouxe à tona fatos históricos, lendas e mistérios sobre a formação do país ao longo dos séculos. Mesmo enquanto celebrava os feitos gloriosos portugueses, a Escola não deixou de confrontar o período sombrio da escravidão: “Portugal das glórias que revelam o passado, ao monstro que sangrou escravizados”, ecoava o samba-enredo. Apesar disso, a abordagem datada do enredo não empolgou, com uma comissão de frente pouco impactante.

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
Atual campeã do Carnaval com enredo dedicado a Lampião, a Imperatriz Leopoldinense encerrou a primeira noite de desfiles novamente com referências à cultura nordestina. Seu enredo, intitulado “Com a sorte virada para a lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, teve como base um cordel escrito há mais de 100 anos pelo poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, contando a história de uma cigana que deixou um testamento que se tornou um verdadeiro guia de boa fortuna. O desfile liderado pelo carnavalesco Leandro Vieira flertou com a perfeição. O samba-enredo contagiou a avenida, a bateria de Mestre Lolo teve momentos que poderiam entrar para o hall de grandes performances dos últimos anos da Marquês de Sapucaí, e o conjunto esteve harmônico o tempo todo. Os detalhes fora da curva ficam para as iluminações de dois carros alegóricos que enfrentaram problemas, o que pode resultar em uma pequena perda de alguns décimos na avaliação dos jurados. No geral, a Escola se coloca, junto com a Grande Rio, como as destaques da noite e favoritas ao título até o momento.

Mais seis Escolas desfilam na Sapucaí nesta segunda-feira (12). A Mocidade Independente de Padre Miguel será a responsável por abrir a noite, seguida por Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e encerrando com a Viradouro.
Foto de capa: Marco Terranova/Riotur
Reportagem de Jorge Barbosa
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