Agência UVA Educação

Aluna de jornalismo da Veiga cria manual de redação antirracista

A aluna Thaila Freitas e sua orientadora Thalita Barros contaram à Agência UVA sobre o processo de criação do Manual e da sua importância para o jornalismo.

Ao dar continuidade à apresentação dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida, a Agência UVA apresenta mais um trabalho com a temática racial, o Pequeno Manual Antirracista para o Jornalismo, da aluna Thaila Freitas, orientada pela professora Thalita Cruz Barros.

O projeto consistiu em um Manual de Redação que tem como principal objetivo impedir uma abordagem racista nas redações.

Capa do projeto da Thaila. Foto:Arquivo Pessoal.

Inicialmente, Thaila contou que pretendia fazer uma grande reportagem sobre o assunto, mas por meio das suas pesquisas e dos conselhos da professora Daniela Oliveira, durante a disciplina de TCC I, em que se planeja o TCC final, decidiu mudar os rumos do trabalho. Segundo a aluna, todo o processo de criação do manual durou cerca de um ano, por meio do estudo de artigos, podcasts, cursos e análises de dados.

Thaila, na foto à esquerda, no quadrante de cima, foi orientada pela professora Thalita Cruz (direita, acima). Na defesa, também participaram as professoras Monica Nunes e Daniela Oliveira. Foto: Thaila Freitas França.

Sua maior motivação para a criação do projeto foi seu incômodo em ver narrativas racistas no jornalismo e a falta de representatividade negra na mídia:

“Desde o início dos meus estudos em jornalismo, tenho observado a presença persistente do racismo nas narrativas midiáticas e a falta de representatividade da população negra tanto nas redações quanto no protagonismo das histórias contadas. Isso me despertou preocupação e um forte desejo de promover mudanças nesse cenário”, explicou a jornalista.

Seu Manual consiste em um arquivo PDF de 50 páginas, contendo uma parte contextual, em que a aluna explica a questão histórica que levou o Brasil a ter essa estrutura social que excluiu a população negra. Ela também trouxe dados oficiais sobre o assunto, e ao fim, uma lista com 21 tópicos, que é o Manual de fato, trazendo práticas para construir um jornalismo antirracista, por meio da linguagem, do estudo constante e de um olhar atento para os conteúdos consumidos e produzidos pelos jornalistas.

A linguagem é algo muito importante para a comunicação, dessa maneira, dentro do Manual, Thaila fez uma lista de termos que não se deve usar nas reportagens e matérias como “denegrir” e “mercado negro”. A jornalista explicou porque devemos pensar nessas questões antes de escrever:

“A linguagem, muitas vezes, carrega consigo uma carga histórica de preconceito racial. Evitar expressões racistas é essencial para promover uma comunicação mais inclusiva e consciente”, declara Thaila.

Sua orientadora Thalita também reforçou a importância do trabalho de Thaila, não apenas para a aluna como uma jornalista negra, mas para a comunidade acadêmica. Segundo a professora, a criação desse tipo de material mostra um engajamento social que deve ser seguido por outros educadores e alunos:

“Quanto mais professores a gente tiver que estejam engajados em pautas sociopolíticas religiosas, de gênero, de classe e de raça, melhor para os alunos. Mais produtiva será a experiência deles porque eles são atravessados o tempo inteiro  por essas demandas”, diz.

Como é o caso da professora Daniela Oliveira, que fez parte da banca do trabalho de conclusão e é a atual coordenadora da Agência UVA. Ela tem planos para implantar o Manual criado por Thayla na Agência UVA e em outros laboratórios da Universidade para o próximo ano.

“Nossa ideia é  disseminar o Manual no curso de Jornalismo da UVA. Já em 2024.1 vamos fazer um treinamento com a Thaila para ensinar estes conceitos para nossos repórteres”, diz.

O Manual completo está disponível aqui para saber mais sobre o trabalho da Thaila.

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Foto de capa:Nappy

Reportagem por Karla Maia

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