Internacional Política

Eleições presidenciais na Argentina marcam disputa acirrada

Sergio Massa e Javier Milei são os candidatos que concorrem ao segundo turno

No próximo domingo (19), a população argentina vai escolher o seu futuro presidente da República. A disputa está entre o candidato governista Sergio Massa, da coalizão peronista União pela Pátria, e o opositor Javier Milei, da coalizão conservadora A Liberdade Avança. O cenário até o momento é incerto e qualquer um pode se tornar vitorioso. Aproximadamente 45 milhões de pessoas são registradas para votar no pleito que ocorrerá no país sul-americano. 

Mais de 35 milhões de argentinos foram às urnas no primeiro turno da disputa. Com 36,68% dos votos, Sergio Massa liderou a disputa na época, ao mesmo tempo que o então favorito, Javier Milei, ficou na segunda posição com 29,98%. A também opositora Patricia Bullrich, do partido Proposta Republicana, se destacou ao ter registrado 23,83% e atingido a terceira colocação. Os votos que foram destinados à ela podem decidir a eleição deste fim de semana.

Em meio a disputa pela Casa Rosada, a Argentina vive uma crise financeira. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a taxa de pobreza no país atingiu 40,1% da população durante o primeiro semestre de 2023. Na última quarta-feira (15), a organização inclusive registrou que a inflação anual acumulada marcou 142,7%, sendo a maior em 32 anos.

A Agência UVA preparou um panorama sobre o perfil dos presidenciáveis que ainda possuem condições de serem eleitos para o cargo. 

Sergio Massa

O advogado Sergio Tomás Massa, de 51 anos, foi o primeiro colocado durante o primeiro turno, realizado em 22 de outubro, e é o candidato apoiado pelo atual presidente, Alberto Fernández, também da coligação peronista União pela Pátria. Atual Ministro da Economia, ele recebeu 9,6 milhões de votos, ou seja, 36,68% do total. Além disso, adotou um discurso com a promessa de harmonia e composição de seu governo até com políticos de diferentes partidos e coligações.

Massa também é apoiado pela vice-presidente Cristina Kirchner.
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Com uma carreira extensa na política, Massa já esteve no Legislativo como Presidente da Câmara de Deputados da Nação Argentina, além de atuações como deputado nacional e deputado provincial. Ele também foi prefeito de Tigre e chefe de Gabinete durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner. Em 2015, também concorreu a presidência do país pela coligação Unidos por uma Nova Alternativa mas ficou em terceiro lugar ao receber 21% dos votos. Na época, Maurício Macri, do partido Proposta Republicana, venceu a disputa.

Tendo que enfrentar certa rejeição por ser um candidato ligado ao peronismo, ele possui propostas socioeconômicas como a distribuição de medicamentos de maneira gratuita, a inclusão de alguns direitos nas leis trabalhistas, a recuperação do poder aquisitivo das famílias, a redução das emissões de gases do efeito estufa e o fortalecimento de empresas estatais. Seu maior desafio é a estabilização da economia, visto que a inflação chegou a 142,7% ao ano, durante sua gestão como ministro da área.

Javier Milei

O economista Javier Gerardo Milei, de 52 anos, ficou em segundo lugar no primeiro turno recebendo 29,98% dos votos válidos. Até então considerado como favorito mesmo com discursos polêmicos e radicais, não teve tanto crescimento em relação às primárias realizadas em agosto, quando alcançou cerca de 30%.

Milei é economista, escritor, professor, deputado e tenta ocupar o cargo de presidente.
(Foto: Reprodução/Instagram/@javiermilei)

Pertencendo a frente A Liberdade Avança, ele se apresenta como um personagem de fora do sistema com a missão de combater as más práticas da política, e se posiciona com uma ideologia anarcocapitalista. O presidenciável é contra o aborto, expressou ceticismo sobre vacinas contra a Covid-19, propaga teorias como o marxismo cultural, recusa a educação sexual nas escolas e nega o aquecimento global. Sendo assim, politicamente tem sido descrito como um populista ultraconservador ou de extrema-direita. O argentino ainda é entusiasta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Milei também é professor e escritor. Esteve como assessor do general Antonio Bussi, militar que governou a província de Tucumán e foi eleito deputado nacional em 1999 mesmo indiciado por crimes contra a humanidade ao longo da ditadura. Além disso, prestou serviços como economista-chefe da Fundação Acordar e na empresa que administra a maior parte dos aeroportos localizados no país.

Desde 2018 vem acontecendo a ascensão política do presidenciável. Inicialmente, aparecendo nos meios de comunicação com seu discurso criticando as gestões do presidente Alberto Fernández e dos ex-presidentes Mauricio Macri e Cristina Kirchner. Assim, viralizou nas redes, adquiriu visibilidade e conquistou seguidores. Em 2020, anunciou que se candidataria à disputa pela Casa Rosada, fato que abriu o caminho para que no ano seguinte fosse eleito e tomasse posse como deputado nacional.  

Suas principais propostas de campanha consistem na redução dos gastos estatais e na privatização de empresas públicas. Milei também tem como promessa a reforma monetária do país em etapas incluindo a adoção do dólar como moeda e o encerramento do Banco Central.

As pesquisas de intenção de voto apontam empate técnico entre os candidatos. (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Foto de capa: Gustavo Pinheiro/Agência UVA

Reportagem de Gustavo Pinheiro, com edição de texto de Gabriel Ribeiro

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2 comentários em “Eleições presidenciais na Argentina marcam disputa acirrada

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