Comportamento Crônica Esporte

O dia 02 de julho de 2008 ainda vive em mim

Uma viagem emocional, onde o repórter Mateus Matias desabafa sobre seu amor: o Fluminense.

O mundo nos diz que não existe viagem no tempo, tampouco como voltar ao passado. Dizem que “amanhã é um novo dia”, e que toda tristeza e angústia de um passado recente, passará. Mas pergunte aos tricolores se existe esse dia após o outro quando se trata do dia 02 de julho de 2008. Pergunte se a tristeza e a angústia passou. A resposta sempre será a mesma, talvez com palavras e expressões diferentes, mas exatamente com o mesmo sentimento.

Agora, 27 de outubro de 2023, e o Mateus de 2008 se encontra mais vivo do que o Mateus do presente. Aquela criança de 10 anos chora todos os dias desde aquele dia. É uma dor que ninguém explica, e nem nos arriscamos, porque a cada momento que tocamos nesse assunto, abre-se uma ferida no nosso corpo inteiro e tudo perde o sentido. Sentimento de apatia, tristeza, impotência e de certa maneira, raiva. Lembrar de 2008 é se sentir no maior funeral da história. Todos choravam, sofriam e não acreditavam que aquele sonho tinha acabado ali, para todos, no mesmo momento.

A volta para casa mais difícil de nossas vidas. Ninguém queria sair daquele lugar, todos torciam para que tudo aquilo fosse um pesadelo. São 15 anos desde aquele maldito dia. 15 anos de dor. São 15 anos sonhando com o fim do calendário de 2008. Não. Nós não saímos de 2008. Não encerramos aquele ano. Estamos presos nele há 15 anos. E neste ano de 2023, finalmente temos a chance de esquecer daquele dia para sempre.

04 de novembro de 2023, exatamente no mesmo lugar. Quis o destino que nós chegássemos à final novamente quando o palco fosse no mesmíssimo lugar onde nós sentimos a maior dor das nossas vidas. Falta uma semana para buscarmos a Glória Eterna. Mas muito mais do que o slogan que a Conmebol impôs à competição, nessa partida nós vamos buscar a nossa Felicidade Eterna.

Nós não dormimos desde o dia 05 de outubro de 2023. Sonhos, pesadelos, insônias. Viramos para um lado da cama, viramos para o outro, assistimos um vídeo e ouvimos algum Podcast. Tudo sobre o Fluminense. Tudo sobre essa final.

No Beira-Rio, no dia 04 de outubro, o DJ do estádio achou que era uma grande ideia colocar a música “Tá escrito”, do Grupo Revelação, no alto-falante do estádio. Mal sabia ele, que a torcida do Fluminense explodiria com aquela canção, entoando o cântico junto a seus semelhantes.

“É dia de sol, mas o tempo pode fechar
A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilha

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar

O Verde de nossas cores, é a nossa Esperança. O Grená, nosso vigor, unido e forte. E o Branco, a paz. A paz que sonhamos buscar daqui uma semana. Por nós, pela nossa gente. Por quem está aqui, em vida, e por aqueles que se foram e estão torcendo em outro plano. Vamos, Tricolores. Chegou a hora, vamos ganhar a Libertadores!

Foto de Capa: Divulgação/Fluminense F.C.

Crônica por Mateus Matias

LEIA TAMBÉM: Sorvete de pistache, amor e outros sabores estranhos

LEIA TAMBÉM: Em meio a vaias e aplausos, Fluminense vence Goiás por 5 a 3