Comportamento

Ditadura da magreza

 

O desejo de estar dentro dos padrões de beleza sempre foi algo comum no universo feminino. Mas este modelo tem variado com o passar dos anos. Se antigamente os pesos excedentes eram símbolo de saúde, hoje eles são abominados e perdê-los torna-se o desafio da vida de muitas mulheres.

 

A mídia influencia bastante neste processo, já que as grandes celebridades sempre são lindas, bem sucedidas e magras. A moda move em torno daquelas pessoas que estão de bem com a balança. E você que se vire para entrar naquela roupa linda e três números a menos do seu manequim. A ditadura da magreza é capaz de tirar o sono e o apetite de quem está acima do peso.

 

Lívia Moreira, de 27 anos, sofreu com o corpo na adolescência. Ao entrar na puberdade, ela engordou 20 quilos e, incomodada com os comentários dos familiares, resolveu que iria perder os quilinhos a mais. Fez inúmeras dietas, mas nada fazia efeito. Influenciada pelas campanhas publicitárias, ela começou a se automedicar.

 

“As propagandas sempre mostravam mulheres famosas, com um corpo escultural. Foi aí que resolvi tomar remédio para emagrecer”, relembra Lívia.

A recomendação era que tomasse o medicamento três vezes ao dia, antes das principais refeições. Em um mês, a jovem emagreceu 2 quilos, mas ela queria muito mais. Decidiu que iria aumentar a dose do medicamento. “Se eu fosse comer uma bolacha, tomava um comprimido meia hora antes. Até para beber um copo de água, eu tomava o comprimido. Assim, cheguei a tomar 80 comprimidos em uma semana”.

 

Obviamente, ela emagreceu. No mês seguinte passou dos 62 quilos para 43. Mas as dores no estômago começaram a incomodá-la e percebeu que seu intestino estava sensível a muitos alimentos. Quando foi ao consultório médico, foi diagnosticado que estava com gastrite e úlcera. Depois que parou de tomar o medicamento, o mesmo teve sua comercialização suspensa.

 

Lívia nunca mais engordou. Hoje ela pesa 49 quilos tem 1,55m. Porém, carrega seqüelas daquela época: ainda tem sensibilidade a lactose e come porções muito pequenas de alimentos.

 

A nutricionista Tatiana Pereira, de 25 anos, acredita que as pessoas procuram emagrecer mais por estética do que por saúde. “A televisão mostra, as pessoas gordas sofrem preconceito. O bonito é ser magro. Por mais que sejam veiculados programas de saúde, o que move as pessoas ainda é a estética”.

 

Para os que estão fazendo dieta, viver a base de barra de cereais, salada e grelhados é um erro. A falta de variabilidade de nutrientes pode ter muitos efeitos, como: anemia, queda de cabelo, unha quebradiça, câimbra e osteoporose.

 

Qualquer pessoa pode perder peso se tiver uma alimentação balanceada, combinada com exercício físico. “Cada um tem seu tipo físico e seu metabolismo. Mas é possível perder peso, se houver disciplina”, orienta a nutricionista. E acrescenta: “O nosso corpo é espelho do que ingerimos, tudo reflete de alguma forma”.

 

Um grande número de mulheres e até meninas menores de idade recorrem às cirurgias, que tem um resultado imediato. A fisioterapeuta dermato-funcional Aline Duarte, de 26 anos, trabalha com pós-operatório de cirurgias plásticas e com tratamentos para redução de medidas. Ela está acostumada a ver mulheres belíssimas, com o corpo esculpido pela mão de cirurgiões.

 

“As pessoas não têm referência correta do que é beleza. Não percebem que ser bela é melhorar a auto-estima, a qualidade de vida e se propõem a tudo. Seguem o que é imposto pela mídia e se submetem a qualquer procedimento em busca da tal beleza”, conta a fisioterapeuta.

 

Ainda sim a orientação se repete. “As plásticas são coadjuvantes. Sem uma reeducação alimentar e atividade física, nenhuma cirurgia terá efeito duradouro”, alerta Aline.

 

Uma coisa é certa: o sedentarismo não combina com um corpo magro. Então, que a magreza venha sem neuroses, com muita saúde e qualidade de vida.

 

 

 

Flávia Martins • 6º período • Jornalismo Digital

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