Êxodo: palavra que define a evasão de um certo número de indivíduos em direção a um lugar. Processo comum na evolução das grandes cidades, quando a população rural saía de seus lares com o sonho de viver nos centros urbanos. Como os fatos se repetem em eventos cíclicos, no futebol não podia ser diferente. A saída de jogadores brasileiros para o exterior é tão comum quanto se comprar um cacho de banana na feira, mas diferente das frutas vendidas na rua, os esportistas estão saindo cada vez mais verdes e amadurecendo distante do lugar de origem. É o caso de meninos como Alípio Duarte Brandão e Caio Werneck, de 16 e 9 anos, respectivamente.
O mais novo da dupla acaba de ser adquirido pela Roma e é constantemente acompanhado pela mãe, Alessandra, e pelo pai, Israel. Nascido em Juiz de Fora, Caio já se adapta à nova cultura, bem diferente das raízes mineiras. A fama repentina transformou esta criança de classe média em um ídolo mirim entre seus novos colegas romanos, que do Brasil nada conhecem, apenas o histórico vitorioso no futebol e a deliciosa fruta tropical, dois produtos exportados com gosto, pela República Federativa do Brasil. O ex-zagueiro e tetracampeão do mundo, Aldair, ratificou a contratação do mini-craque durante uma clínica realizada em Petrópolis e aposta no talento e no físico do jovem prodígio, que já está se adaptando à nova função: zagueiro.
Diferente do pequeno Caio, Alípio já está no exterior há mais tempo, mas não conta com o mesmo suporte familiar de Caio. O jovem, oriundo de Brasília, não chegou a conhecer os pais e o futebol foi o único responsável por manter viva a mente deste vestibulando a ídolo. Ele já está de malas prontas para iniciar 2009 no Real Madrid e mesmo antes de estrear já foi comparado a Cristiano Ronaldo. O zagueiro brasileiro, naturalizado português, Pepe, e provável futuro companheiro de gramados assina embaixo a contratação do brasiliense: “Em um ano ele estará na equipe principal do Real Madrid”.
Dois breves exemplos de produtos de exportação que o Brasil se orgulha em oferecer para o estrangeiro: a inexperiência e a imaturidade. Mas o que mais vale no fim da partida é o “tutu” no bolso, afinal de contas: “Yes, nós temos bananas!”. Essas são algumas das tantas gírias e ditados que infelizmente nem Caio, nem Alípio e nem mais outra centenas de pequenos craques irão conhecer, assim como a história do país de onde vieram, que insiste em vender para fora as suas jóias mais raras a preço de banana.
Ricardo Almada
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