Na terceira sequência da trama, Dona Hermínia (Paulo Gustavo) volta de uma vida agitada e cai diretamente em uma rotina um pouco mais pacata. Depois de ter seu próprio programa de TV e cuidar de dois filhos adolescentes, ela agora terá de se redescobrir e se reinventar pois eles estão formando novas famílias.
A supermãe vai ter que segurar a emoção para lidar com um novo cenário de vida: Marcelina (Mariana Xavier) está grávida e Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai casar. Para completar, Carlos Alberto (Herson Capri), seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora, resolve ficar ainda mais próximo.
A comédia levanta assuntos importantes, os quais são necessários discutir. Modelos de família, homofobia, as diferentes maneiras de se criar um filho, relacionamentos amorosos e a solidão na terceira idade são alguns dos pontos enfatizados na sequência.
A direção de Susana Garcia, que também dirigiu os filmes da irmã, Mônica Martelli, Minha Vida em Marte e Os Homens São de Marte… E É Pra Lá que Eu Vou, traz um olhar mais feminino para a trama e closes importantes em que a emoção passa das expressões de Hermínia para o espectador.
Os raros momentos sérios fazem o espectador entrar em contato com a dor e a solidão que Hermínia passa sozinha. Nesses momentos, muitos espectadores se identificam com a situação. Além das mães que estão vendo ou já viram os filhos se tornarem adultos, os filhos que ainda não são pais passam a entender um pouco mais sobre a solidão e como os pais, apesar de tudo, sentem uma falta diária das eternas crianças.
A trilha sonora de Zé Ricardo é muito boa, porém, previsível. Ela colabora para os momentos de euforia e comoção e conta com artistas renomados nacional e internacionalmente.
Apesar de texto e enredos que tiram algumas risadas, há momentos em que traz cenas um pouco sem nexo, como quando Dona Hermínia pede ajuda de um guarda e ele fica nas cenas seguintes sem muita explicação. Ou mesmo na última parte do filme voltada para o casamento do filho em que os noivos mal aparecem.
Vale reconhecer uma cena específica em que Dona Hermínia senta com o seu filho para ver fotos antigas e lembra de uma festa de aniversário de criança em que Juliano vai vestido de Emília Essa é uma das cenas mais delicadas e muito bem conduzidas do filme.
O bullying retratado por outras crianças no momento em que Juliano vai vestido de boneca e o preconceito dos próprios adultos faz com que Hermínia lute para mostrar ao filho que está tudo bem ele querer ser o que quiser, se vestir do que quiser e que apesar de tudo, ela só quer ver o bem do filho e que ele seja feliz. Claramente “micos” que se acredita passar quando se é mais novo, mas que mais tarde fazem com que cada um entenda que eram proteção e um lindo gesto de amor e inclusão. Se aqui não cair uma lágrima de um filho, com certeza cai de uma mãe.
Após os 110 minutos do longa, as cenas pós crédito comprovam mais uma vez a veracidade de Paulo Gustavo ao interpretar e homenagear a mãe e toda a sua família.
O filme já está em todos os cinemas.
Leticia Heffer – colaboradora
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